Janot diz que Renan e antigo aliado ocultaram e dissimularam origem de recursos
Na primeira denúncia contra o presidente do Congresso, Renan Calheiros, na Operação Lava Jato, formalmente acusado de corrupção passiva pelo recebimento de R$ 800 mil, em 2009, o procurador-geral da República Rodrigo Janot destacou que o peemedebista e seu antigo aliado, o deputado Aníbal Gomes (PMDB/CE), “com vontade livre e consciente, comunhão de desígnios e divisão de tarefas, ocultaram e dissimularam, em favor do primeiro (Renan), a origem, a disposição e a movimentação desses recursos”.
Na avaliação de Janot, a circulação de valores incluiu o Diretório Nacional e Comitês do PMDB. Segundo o procurador, Renan se valeu da “interposição de pessoas físicas e órgãos diversos de pessoa jurídica, do Diretório Nacional e dos Comitês do PMDB por onde transitaram os recursos, e a mescla com valores lícitos, em operações distintas”. “Essa mistura de ativos ilícitos com outros constitui mais uma modalidade independente de lavagem de valores denominada commingling (mescla)”, destaca Janot.
O procurador atribui a Renan corrupção passiva (por duas vezes) e lavagem de dinheiro, em dez operações. A denúncia envolve ainda o deputado Aníbal Gomes e o empresário Paulo Twiaschor, este por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Réu
No começo de dezembro, Renan se tornou réu pela primeira vez em ação que investiga crime de peculato. A empreiteira Mendes Júnior bancou as despesas da pensão de uma filha que o peemedebista teve fora do casamento com a jornalista Mônica Veloso. O caso estourou em 2007. Mas só em 2011 o caso se tornou uma denúncia do Ministério Público Federal e, desde então, permanecia engavetado no STF.
Após ter se tornado réu, o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello aceitou liminar da Rede Sustentabilidade e ordenou a saída de Renan Calheiros da Presidência do Senado, agravando a crise entre Legislativo e Judiciário. Renan, no entanto, se recusou a receber a ordem do oficial de justiça e, junto à mesa diretora do Senado, decidiu se manter no cargo. O plenário do STF julgou a liminar de Marco Aurélio no dia seguinte e Renan pôde permanecer à frente do Senado, mas foi retirado da linha sucessória da Presidência da República, por ser réu.
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