Janot vê “anuência” de Temer a propina para Cunha; entenda
No pedido de abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer aceito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, a Procuradoria-Geral da República (PGR) explica o “contexto” do qual interpreta que Temer consentiu com o pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, já preso na Lava Jato.
No documento, o procurador-geral Rodrigo Janot vê como “um dos delitos em tese cometidos” por Michel Temer a corrupção passiva, que “pressupõe justamente o exercício de cargo, empregou ou função por parte do agente”.
Joesley Batista, dono da JBS, que gravava a conversa com Temer, solicita um intermediador para tratar de assuntos do interesse da J&F (holding que controla a JBS).
“Nesse contexto, é importante registrar que MICHEL TEMER, a partir dos 10min50s (do áudio), quando JOESLEY fala que perdeu contato com GEDDEL em razão das investigações (da Lava Jato), demonstra preocupação, afirmando que ‘é, tem que tomar cuidado. É complicado’. Logo em seguida, a partir dos 11min30s, os interlocutores tratam do ex-deputado EDUARDO CUNHA. JOESLEY afirma que tem procurado manter boa relação com o ex-deputado, mesmo após sua prisão. TEMER confirma a necessidade dessa boa relação: ‘tem que manter isso, viu’. JOESLEY fala de propina paga ‘todo mês, também’ ao EDUARDO CUNHA, acerca da qual há a anuência do presidente”, diz a Procuradoria. Veja o trecho:
Depois, Michel Temer indica o deputado federal Rodrigo da Rocha Loures para ser o novo intermediário dos interesses de Joesley, segundo a PGR. O presidente é, então, gravado combinando com o empresário manter a prática de encontros noturnos no Palácio do Jaburu, sem registros oficiais. Temer afirma: “Fazemos como hoje (…). Funcionou super bem”.
Dias depois, Loures foi gravado pela Polícia Federal recebendo mala de R$ 500 mil de emissário da JBS.
Temer quer manter Cunha e Funaro “calmos”
Quando prestou depoimento, Joesley disse que continuava pagando R$ 400 mil ao doleiro Lúcio Funaro “para garantir o depoimento dele e de Cunha”.
O dono da JBS diz que “sempre recebeu sinais claros” do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do próprio Temer para que eles (Funaro e Cunha) ficassem “calmos” e não falassem em colaboração premiada. Quando Temer relatou preocupações em relação a Cunha, Joesley diz que “entendeu como recado de que pagasse”.
Temer teria dito ainda a Joesley que “poderia ajudar Cunha no Supremo Tribunal Federal com 2 (ministros), mas que com 11 seria complicado”.
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