Jogos online, tiros e Constituição: conheça a rotina de Renan, quarto filho de Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 12/02/2019 08h04 - Atualizado em 12/02/2019 12h04
Reprodução/Instagram

O universo dos jogos online tem diversas peculiaridades. Uma delas são os mais diferentes apelidos que os jogadores utilizam. Nas disputas do popular “League of Legends”, um nome pode passar despercebido para a maioria dos usuários: “Bolsokid”. O que a princípio parece ser só mais um adolescente fã do atual presidente da República revela, contudo, um membro da própria família Bolsonaro.

Jair Renan Bolsonaro tem 20 anos, é youtuber e um dos filhos mais novos do presidente da República. De fala baixa e avesso à exposição, ele apareceu poucas vezes em público ao lado do pai, com quem conviveu por 7 anos. Os dois se encontram ao menos uma vez por mês.

Renan virou de fato “Bolsokid” em novembro, quando resolveu se lançar nas redes sociais e inaugurar o canal do YouTube onde também apresenta vídeos de jogos. Quatro meses depois, ele acumula quase 40 mil inscrições na plataforma, mesmo número de adeptos que tem no Twitch. “Algumas pessoas chegaram até mim por causa do meu pai, mas hoje se inscrevem porque gostam do que eu faço”, diz.

O quarto “garoto” de Bolsonaro se dividia entre as aulas de Constituição e as tardes jogando LOL até novembro, quando trancou a faculdade de Direito para estudar Tecnologia da Informação em Brasília. “Mudei para investir nessa área de games e streaming, quero me especializar nisso”, diz. O curso é bancado pelos pais.

“Bolsokid” diz que a rotina pouco mudou depois de se tornar filho do presidente. Em 1º de janeiro, passou a ter a companhia de um segurança, que o acompanha em todos os lugares. “Tenho vida normal e também não saio muito, só vou mesmo para a faculdade e volto para casa, onde faço as transmissões.”

Ele diz que a maior parte dos jogadores com quem passa o tempo online apoia o governo recém-empossado, mas não é incomum que alfinetadas surjam na tela. Durante uma das jogatinas, a pergunta “Cadê o Queiroz?” irritou o filho do presidente, que prontamente xingou o provocador, associando-o ao PT. “Nesses casos eu bloqueio mesmo, e os caras baixam a bola.”

Diferentemente dos irmãos mais velhos, Renan não exerce cargo público, mas se filiou ao PSC em 2016, quando o pai também fazia parte dos quadros da agremiação cristã. Ele, porém, não frequenta nem participa das atividades do partido, do qual quer se transferir para o PSL, atual legenda do pai e dos irmãos políticos.

As atividades partidárias podem não ser as mesmas do presidente, mas, no plano ideológico, pai e filho se alinham. Um dos status das redes sociais de Renan diz: “A missão de perdoar bandido pertence a Deus… Nossa missão é promover o encontro”.

“Eu concordo 100% com o que ele fala. O cidadão de bem tem direito de ter arma e se defender dos marginais”, argumenta Renan, que costuma publicar vídeos portando fuzis em centros de treinamento de tiro. “Eu também não sou homofóbico, como dizem que meu pai é. Mas o Kit Gay é um problema. Não dá para deixar criancinhas de 6 anos aprendendo sobre homossexualidade na escola.”

Em 2018, Renan participou de atos públicos com o pai, ainda em campanha. No mês de setembro, no entanto, ele estava em frente ao computador quando o então candidato recebeu uma facada durante uma passeata na cidade de Juiz de Fora (MG). “Não acreditei no que aconteceu até me mandarem o vídeo. Fiquei chocado”, diz, sem poupar o agressor de Bolsonaro. “Para mim, esse Adélio Bispo merecia morrer.”

Renan vive em Resende, cidade ao sul do Rio Janeiro, com a mãe, a advogada Ana Cristina Valle, segunda mulher do presidente. No ano passado, ela aproveitou a onda bolsonarista para adotar o sobrenome do ex-marido e se candidatar à deputada federal pelo Podemos. Renan, inclusive, aparece junto a ela em um dos vídeos de campanha. Os quase 5.000 votos recebidos, no entanto, não foram suficientes para obter uma vaga.

O filho do presidente se mudará para Brasília nos próximos dias, quando começam as aulas do novo curso. Ele afirma não ter perspectivas para trabalhar no poder público, nem cogita se candidatar em eleições futuras. “Quero estudar e ficar perto da minha família, mais tranquilo”, diz. “Por enquanto.”

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