Jornal mostra e-mail em que procurador esboça roteiro de delação para a JBS

  • Por Jovem Pan
  • 08/11/2017 10h08 - Atualizado em 08/11/2017 10h10
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MP-MG/Divulgação MP-MG/Divulgação Miller é acusado de atuar a favor da JBS quando ainda estava na Procuradoria e fornecer informações privilegiadas à empresa

O jornal Folha de S. Paulo revelou nesta quarta-feira (8) um e-mail salvo na conta do ex-procurador Marcelo Miller em que ele lista um “roteiro” de reunião para ajudar no acordo de delação premiada da JBS com a Procuradoria-Geral da República.

O e-mail, de Miller para o próprio Miller, foi salvo em 9 de março deste ano, dois dias após o dono da JBS Joesley Batista gravar conversa com o presidente Michel Temer que seria usada depois para ensejar denúncia de corrupção passiva contra o peemedebista, barrada pela Câmara dos Deputados.

Procurador da República na época, Miller sempre negou ter atuado a favor da empresa antes de se desfiliar da PGR. Ele disse ter feito apenas correções “linguísticas e gramaticais” na proposta de colaboração. O ex-procurador-geral Rodrigo Janot diz que as tratativas oficiais com a JBS começaram apenas em 27 de março.

A “conclusão” do “roteiro de reunião”, porém, aponta que o grupo já trazia “pela primeira vez BNDES”, que, segundo a sua avaliação, “era a última caixa-preta da República”, além de apresentar como acusações sobre “fundos, Temer, Aécio, Dilma, Cunha, Mantega e, por certo ângulo, também Lula. Temos elementos muito sólidos de corroboração”.

“Queríamos insistir com vocês na assinatura de um acordo de confidencialidade, para detalharmos os assuntos e iniciarmos a apresentação dos anexos”, diz o roteiro do ex-procurador. “Queríamos que o Brasil e o MPF saíssem na frente”.

Como primeiro ponto da conversa sugerido pelo roteiro, agentes da JBS deveriam perguntar por que o Ministério Público Federal autorizou prisão temporária, realizada pela Procuradoria do Distrito Federal, de ex-sócio do grupo J&F, “se a empresa já se apresentou à colaboração”.

No caso, a referência seria a Mario Celso Lopes, preso na Operação Greenfield, ex-sócio na Eldorado Celulose, do grupo J&F, que apurou crimes com fundos de pensão.

Miller também sugere “procurar autoridades dos EUA e iniciar o procedimento de cooperação lá”.

Veja o e-mail comentado pelo jornal:

Reprodução/Folha de S. Paulo

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