Jovem negro preso com saco de pão no Jacarezinho é liberado
Yago Corrêa, estudante de 21 anos, ficou dois dias preso; parentes acusam Polícia de racismo
O jovem estudante Yago Corrêa, de 21 anos, foi liberado da cadeia nesta terça, 8, após ficar dois dias preso no Rio de Janeiro. Yago foi detido quando voltava para casa, ainda com o saco de comida nas mãos. “Eu queria agradecer a todo mundo que me ajudou até aqui. Não sou bandido. Sou morador”, disse o estudante, que reside na comunidade do Jacarezinho, ao ser solto. O rapaz estava num churrasco com amigos e foi comprar pão de alho; câmeras de segurança captaram o momento em que ele sai de uma padaria. Pouco depois, imagens do circuito de gravação de uma farmácia mostram Yago e outras pessoas correndo para dentro do estabelecimento, para se proteger de algo. Na sequência, um policial militar entra, aponta o fuzil para o jovem, que levanta as mãos ainda segurando os pães, e a detenção ocorre.
A Polícia Militar afirmou, em nota, que uma equipe do Batalhão de Polícia de Choque em patrulhamento no Jacarezinho encontrou um adulto (Yago) e um adolescente, e o mais novo levava uma bolsa com 32 pinos de cocaína, 32 papelotes de skunk e 58 papelotes de maconha. Os dois foram detidos, mas não havia provas de qualquer vínculo entre Yago e o adolescente. Nesta terça, a Polícia Civil carioca disse, também em nota, que novos fatos surgiram e o delegado responsável pelo caso decidiu instaurar um inquérito para que os fatos sejam apurados com maior detalhe. “Desta forma, o próprio delegado de plantão, verificando dúvida razoável da participação de Yago na ocorrência, solicitou e representou à Justiça pela soltura do jovem para que os fatos sejam melhor investigados dentro deste inquérito policial”, afirmou a corporação. O argumento foi aceito pelo juiz Antônio Luiz da Fonseca, que determinou a soltura de Yago.
Os familiares de Yago estiveram presentes em frente ao Complexo Prisional de Benfica realizando um protesto. “Ele foi associado ao tráfico de drogas por ser negro e favelado. É um sentimento de revolta, de que a comunidade está abandonada. O governo nos promete emprego, mas o estado que ele coloca dentro da comunidade acaba com a nossa imagem. No momento em que foi rendido, poderiam tê-lo levado para uma averiguação e ser liberado quando não fosse encontrado nada. Mas ele foi simplesmente abordado, arrastado e levado para o sistema prisional, disse Erica Corrêa, irmã do jovem. Quando Yago foi liberado, os parentes comemoraram bastante.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.