Juíza envia informações sobre saúde de João de Deus para que Toffoli julgue habeas corpus
A juíza plantonista de Abadiânia (GO), Marli de Fátima Naves, enviou nesta sexta-feira (4) um relatório sobre a saúde de João de Deus ao Supremo Tribunal Federal (STF). As informações foram solicitadas na quinta (3) pelo presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, para que possam auxiliar no julgamento de habeas corpus em benefício do médium.
O líder espiritual, que é acusado de cometer abusos sexuais mediante fraude e estupros – inclusive de vulneráveis – por mais de 600 pessoas, passou mal esta semana e precisou ser levado a um hospital. Segundo o boletim médico, João foi diagnosticado com “hematúria discreta” (presença de sangue na urina). Não há quadro de infecção.
“Na data de hoje, o paciente recebeu a visita de quatro advogados e não apresentou nenhuma queixa acerca de seu estado de saúde”, escreveu Marli de Fátima Naves. Um dia antes, Toffoli determinou que a Comarca de Abadiânia enviasse a ele dados sobre o estado de saúde do médium em até 48 horas, para que ele pudesse avaliar o pedido de liberdade.
Transferência para hospital particular
No relatório, a juíza informou que negou pedido da defesa de João para que ele fosse transferido para um hospital particular em Goiânia (GO), onde seria atendido por um cardiologista que o acompanha. A solicitação foi protocolada já na quinta-feira e, após pedir “vista ao órgão do Ministério Público”, decidindo pelo “sequencial indeferimento”.
“Registre-se que o paciente foi atendido pelo coordenador médico do local em que está custodiado, que encaminhou imediatamente o custodiado para unidade de pronto atendimento”, escreveu. João de Deus está detido desde o dia 16 de dezembro no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO).
Resultado dos exames
Com quadro de sangue na urina e queixas de tontura e dores no estômago, o médium foi levado a pronto atendimento médico na última quarta-feira (2). Ele realizou hemograma, tomografia de abdômen, exame de urina e gasometria arterial (para avaliar a presença de gases no sangue). Todos resultaram normais, apesar da identificação da hematúria.
Após passar o dia na unidade hospitalar, João de Deus teve alta e os médicos responsáveis determinaram que ele mantenha “acompanhamento ambulatorial como já tem feito regularmente”, segundo a magistrada. “Não há até a presente data qualquer notícia de intercorrência apta a exigir atuação de médico especialista em cardiologia.”
Acusações de abuso sexual
No fim de dezembro, o Ministério Público de Goiás denunciou o médium por quatro crimes, duas violações sexuais mediante fraude e dois estupros de vulneráveis. O caso só será analisado pelo Tribunal de Justiça a partir de 7 de janeiro, quanto termina o plantão. Os atos teriam acontecido durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola.
Terceiro habeas corpus
Cabe ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, decidir se João de Deus será ou não posto em liberdade. O terceiro habeas corpus apresentado em favor do médium foi apresentado diretamente à Corte, que está em recesso – nesse período, o presidente é responsável por todas as ações que chegam ao STF.
Outros dois pedidos de liberdade foram impetrados por defensores. No dia 19 de dezembro, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro negou a solicitação do advogado. Um dia antes, a Justiça de Goiás já havia indeferido outro pedido. O Ministério Público montou uma força-tarefa para atender todas as vítimas que acusam João.
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