Justiça Militar mantém prisão de 9 dos 10 militares que fuzilaram carro
A Justiça Militar decidiu converter a prisão temporária em preventiva de nove dos dez militares presos por terem fuzilado, com 80 tiros, o carro de uma família no último domingo (7) no Rio de Janeiro. Na ocasião, o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, foi morto e outras duas pessoas ficaram feridas.
O único militar que terá liberdade provisória será o soldado Leonardo Delfino — segundo os depoimentos, ele não atirou. Segundo ela, houve descumprimento das regras militares como define o código militar.
Vão permanecer presos o tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo, sargento Fábio Henrique Souza Braz da Silva, soldado Gabriel Honorato, soldado Matheus Santanna Claudino, soldado Marlon Conceicao da Silva, soldado João Lucas Goncalo, soldado Leonardo Oliveira de Souza, soldado Gabriel da Silva Barros Lins, soldado Vitor Borges de Oliveira.
O Ministério Público Militar defendeu a prisão de nove dos réus. Nos depoimentos, esses nove militares admitiram ter atirado contra o veículo onde estava Evaldo e sua família.
O advogado que representa os militares defendeu a liberdade de todos os suspeitos. A defesa disse que não há perturbação da ordem por isso não justifica a prisão.
O caso
No último domingo (7), uma guarnição do Exército atirou 80 vezes contra o carro em que estavam Evaldo e mais quatro pessoas da família dele, entre eles seu filho, de 7 anos. O sogro de Evaldo, Sérgio Araújo, e um pedestre, que tentou ajudar a família durante o tiroteio, ficaram feridos.
Inicialmente, o CML disse que os agentes responderam a “injusta agressão”. De acordo com a nota, divulgada ainda no domingo, os militares foram alvejados por assaltantes que agiam no local e que eles reagiram à agressão. Nesse primeiro texto, o CML informou ainda que Evaldo e seu sogro eram assaltantes.
No dia seguinte, depois de tomar o depoimento dos militares envolvidos, o Exército constatou inconsistências nos fatos retratados pelos militares. Dez dos doze agentes ouvidos após a ação foram presos.
Sepultamento
O corpo de Evaldo dos Santos Rosa foi sepultado nesta quarta-feira (10) no cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio. Em coro, os presentes cantaram os versos “quero chorar o seu choro, quero sorrir seu sorriso, valeu por existir”, em homenagem ao músico e gritaram por “justiça”.
Luciana Nogueira, 41, viúva de Evaldo e que também estava no carro no domingo, transformou o choro incontido em gritos de protesto. “Eu quero justiça! Meu filho de sete anos não para de pedir ‘eu quero meu pai, eu quero meu pai’”, bradava.
A ONG Rio de Paz distribuiu 80 pequenas bandeiras do Brasil perfuradas e manchadas de vermelho, para representar o total de disparos que a perícia apontou terem sido disparados.
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