Justiça ouve perito em processo que envolve irmãos Joesley e Wesley Batista
Quatro testemunhas de acusação seriam ouvidas nesta quarta-feira (4) pela Justiça Federal no processo que apura se os irmãos Joesley e Wesley Batista teriam usado informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro [insider trading]. No entanto, apenas uma foi ouvida, um perito da Polícia Federal, que prestou depoimento por meio de videoconferência. O depoimento foi acompanhado pelos dois irmãos.
Um delegado da Polícia Federal, que também seria ouvido, foi dispensado. As outras duas testemunhas, integrantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), chegaram a falar, mas, por um problema no equipamento da Justiça Federal que grava os depoimentos, eles tiveram a audiência remarcada para a próxima segunda-feira (9), a partir das 9h. No mesmo dia, à tarde, começarão a ser ouvidas as testemunhas de defesa.
De acordo com a procuradora da República Thaméa Danelon, do Ministério Público Federal, “chegou a ser colhido o depoimento de um inspetor [da CVM] por duas horas e meia, mas, infelizmente, deu um problema no equipamento da Justiça Federal e não foi possível gravar esse depoimento”. O problema, segundo ela, se repetiu com o segundo depoente da CVM, o que levou à redesignação dos depoimentos para segunda-feira.
Segundo ela, o único depoimento do dia foi favorável para a acusação. “Esse foi o perito financeiro, o perito que analisou as operações financeiras, que analisou a documentação, que constatou, de fato, a existência do insider trading e da manipulação do mercado. Ele confirmou o que ele já havia relatado em seu laudo”, disse.
Já o delegado da Polícia Federal, segundo ela, foi dispensado porque a acusação entendeu que, após “o depoimento tão esclarecedor” do perito, não haveria necessidade de o delegado da Polícia Federal também falar. Quanto aos depoimentos dos integrantes da CVM, informou Thaméa, eles serão importantes para comprovar o crime e que “as ordens [para negociação das ações da empresa na bolsa de valores] partiram dos réus”.
Para o advogado Pierpaolo Bottini, que defende um dos réus, o depoimento de hoje vai ajudar a defesa a comprovar que houve falhas na investigação. “O depoimento da CVM foi um depoimento em que a gravação não funcionou, mas foi um depoimento importante. Nós conseguimos ali identificar uma série de falhas”, disse ele a jornalistas após o depoimento.
“O que foi tratado pela defesa foi justamente as bases, o método que foi utilizado para fazer a perícia e ficou muito claro que esse método foi muito frágil. Por exemplo: o período que foi utilizado para fazer a análise foi o período de um ano, quando a JBS tem ações na bolsa há décadas. A análise de qualquer irregularidade das atividades precisava ser feita em um período maior do que de um ano. Essas falhas metodológicas foram demonstradas e imaginamos que vai ficar muito claro, ao final, que essas operações [na bolsa] são padrão e que tinham uma lógica que não era de insider trading”, falou.
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