‘A Lava Jato destruiu empresas’, afirma Toffoli
Em entrevista, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, também afirmou que o governo Jair Bolsonaro tem ‘áreas de excelência funcionando muito bem’
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Dias Toffoli, disse em entrevista que a Operação Lava Jato “destruiu empresas”, mas também levou o país a “uma outra dimensão do ponto de vista da corrupção”.
“Isso [destruir empresas] jamais aconteceria nos Estados Unidos. Jamais aconteceu na Alemanha. Nos Estados Unidos tem empresário com prisão perpétua, porque lá é possível, mas a empresa dele sobreviveu”, disse o ministro.
De acordo com Toffoli, o Supremo e os demais órgãos do judiciário montaram um grupo de trabalho para analisar os acordos de leniência com empresas investigadas na Lava Jato, que trará mais segurança jurídica para o país.
“Porque a Advocacia-Geral da União entende de um jeito, o TCU de outro, o Cade de outro, o CVM de outro, o MP de outro. Cada um acha que os acordos realizados têm que ter mais alguma coisa. Quem é que pode arbitrar? Eu chamei uma reunião aqui. Já criamos um grupo de trabalho, um comitê executivo, para criar e ter uma solução efetiva até o final de março, para dar segurança jurídica.”
Eleições e Bolsonaro
Para o presidente do STF, a resposta das urnas revelou o desejo e o “cansaço da população”. “Como um cansaço da população seja com corrupção, seja com pessoas que a população já não queria mais ver como seus representantes. E com a ideia de uma vontade de destravar o Estado, superar a burocracia estatal. Essa foi a mensagem que foi levada e aceita pelas urnas. Então, em primeiro lugar, tem que se respeitar a vontade popular”, disse.
Dias Toffoli ainda avaliou governo do presidente Jair Bolsonaro e afirmou que “tem pessoas e áreas de excelência funcionando muito bem”. Não quis dizer quais são, no entanto, mas reiterou: “São áreas de excelência, têm feito belíssimos trabalhos, têm tido diálogos com as instituições o tempo todo”. Ele disse ainda que “o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente – como entende que o Judiciário o seja”.
Comentou, também, os recentes julgamentos que agitaram o Supremo, como aquele em que deu o voto decisivo para proibir a prisão depois da sentença de segunda instância. A decisão possibilitou a saída do ex-presidente Lula da prisão em que estava há quase dois anos, condenado na Operação Lava Jato.
Sobre o antigo Coaf (rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira – UIF), no qual seu voto foi criticado como difícil de entender – “precisa de um professor de javanês”, disse o ministro Luís Roberto Barroso – Dias Toffoli afirmou que foi “elogiadíssimo”.
Toffoli também falou sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro. Para ele, o discurso adotado pelo presidente é “permanente para a a base que o elegeu, mas ele tem capacidade de diálogo também”.
“A impressão, curiosamente, é que é um governo com aquela mensagem mais isolada, mais sectária para determinado segmento da sociedade, e não um governo de todos. Mas, no dia a dia, políticas públicas estão sendo desenvolvidas, como na área de infraestrutura. Na área da economia tem sido sempre feito um amplo diálogo com o parlamento. E aqui mesmo no Supremo”, disse.
*Com Estadão Conteúdo
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