Lava Jato: pedido de Mantega a Eike pode estar ligado a campanha de Dilma de 2010

  • Por Jovem Pan
  • 22/09/2016 10h53
  • BlueSky
Roberto Stuckert/Divulgação - 2/11/10 Roberto Stuckert/Divulgação - 2/11/10 João Santana entre ex-presidentes Lula e Dilma durante campanha presidencial de 2010

A campanha da ex-presidente Dilma Rousseff de 2010 pode estar relacionada aos fatos apurados pela 34ª fase da Operação Lava Jato, chamada “Arquivo X”, deflagrada nesta quinta-feira (22), que prendeu temporariamente o ex-ministro da Fazenda de Dilma e Lula, Guido Mantega. O ex-ministro, porém, foi solto ainda nesta quinta, quando o juiz Sergio Moro revogou sua prisão temporária.

ENTENDA todos os detalhes da Operação “Arquivo X

Dilma e sua campanha não são alvo direto desta operação, mas há conexões que serão aprofundadas em investigações posteriores, disse o procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, em entrevista coletiva nesta manhã. O foco por enquanto, diz a força-tarefa da Lava Jato, é seguir o “caminho do dinheiro”.

“Em relação a Guido Mantega, é bom se observar que Monica Santana era da equipe da campanha de 2010 da ex-presidente Dilma. Portanto, há de se supor que essa quitação de valores de dívidas de campanha se referia a essa campanha presidencial. Entretanto, nós vamos ainda aprofundar essas investigações”, disse Carlos Fernando dos Santos Lima.

O procurador ressaltou que os pagamentos foram feitos “a nível de ministro da Fazenda” e “a nível de marqueteiro da campanha presidencial”, mas essa possível conexão com a campanha de Dilma ainda será investigada.

O empresário Eike Batista revelou em depoimento espontâneo, como testemunha, que uma de suas empresas, a OSX, em consórcio com a empreiteira Mendes Junior (consórcio Integra), ganhou obras de plataformas da Petrobras mesmo “sem nenhuma condição para as operações”. Os contratos falsos teriam sido usados para operacionalizar propina.

Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima (Reprodução)

Eike afirmou que Mantega fez o pedido de pagamento de R$ 5 milhões para o PT, em reunião em 1º de novembro de 2012, operacionalizado pela mulher do marqueteiro João Santana, Monica Moura. Seriam “prestações de serviços (que) não ocorreram ou ocorreram de forma limitada”. O objetivo seria justamente quitar dívidas da campanha presidencial de 2010.

“Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19 de abril 2013 foi realizada transferência de US$ 2.350.000,00, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários”, diz a força-tarefa da Lava Jato. A transação foi demonstrada por Eike Batista em documentos.

O empresário ex-bilionário não vê conexão do pagamento com propinas, mas este é o caminho de investigação da Lava Jato. O procurador ressaltou que Eike “sabia” de pagamentos anteriores de propinas feitos pelo consórcio Integra.

Outros agentes políticos

Outros agentes políticos investigados nesta fase da Lava Jato são o ex-ministro José Dirceu, já condenado em outros processos, e o ex-deputado do PT André Vargas, “com menor evidência”. Ambos teriam recebido pagamentos ilegais por meio de suas empresas.

O operador de propinas do PMDB João Augusto Rezende Henriques também é investigado nos fatos divulgados nesta quinta, mas nenhum membro do partido do presidente Michel Temer foi citado por enquanto.

Prisão

Os procuradores ressaltaram também que o pedido de prisão preventiva de Guido Mantega foi negado pelo juiz Sergio Moro. Ele foi preso temporariamente, “quando imprescindível para as investigações do inquérito policial”, como determina a Lei 7960/89 do Códico Civil.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.