Leonardo Boff tenta visitar Lula na PF para entregar livros e xale

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2018 13h54 - Atualizado em 19/04/2018 14h25
Eduardo Matysiak/Agência PT "Não é fácil alguém acostumado com as multidões estar entre quatro paredes", disse o teólogo Leonardo Boff (de vermelho), que tenta visitar Lula na prisão

O religioso Leonardo Boff e o Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, tentam visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR). Até o começo da tarde desta quinta-feira (19) eles foram impedidos e aguardam decisão judicial que reverta a situação, mas discursaram a militantes que acampam no local pedindo a libertação do petista.

Boff, ex-padre adepto da Teologia da Libertação, criticou a primeira decisão da juíza que cuida da execução penal do caso Lula, Carolina Lebbos, de impedir a visita de Esquiavel. Segundo o teólogo, dentro das Regras de Mandela, documento da ONU, quem é prêmio Nobel da Paz tem o direito de visitar presídios pelo mundo. Boff chamou a magistrada de “ignorante e arrogante”.

O religioso de 79 anos, que anda de bengala, reclamou do tratamento dado pela Polícia Militar paranaense, que faz o cerco das proximidades da sede da PF e mantém afastado o acampamento pró-Lula que se formou no local. Segundo Boff, os PMs não queriam permitir o seu acesso e chegaram a xingar o ex-presidente petista. “Eles têm a cabeça de camarão, não pensam nada. Apenas executam. É proibido, disseram que não pode”, disse Boff em entrevista a jornalistas em frente à Superintendência.

Leonardo Boff quer visitar o “velho amigo” Lula e, segundo ele, “cumprir o preceito evangélico que diz ‘eu estava preso e me visitastes'”, em referência a fala de Jesus nos evangelhos. “Como uma lei negada pode ser negada pela lei humana?”, questionou o religioso. “Isso tudo é negado porque somos dominados pelo arbítrio”, avaliou.

As regras para os presos na PF é que apenas familiares e advogados podem visitá-los às quintas.

Boff afirmou que pretendia entregar um xale vermelho a Lula, que o próprio ex-presidente cobrou do teólogo católico em vídeo gravado um dia antes de ser preso, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

O amigo de Lula levou a Curitiba também dois livros para confortar o ex-presidente: “A Missao do Povo Que Sofre”, de Carlos Mesters, e “Salmo 23”, “dois livros de esperança e confiança”.

“Não é fácil alguém acostumado com as multidões estar entre quatro paredes”, disse Boff. Ele contou que quer incentivar Lula a “ter esperança de que essa crise vai passar e ele vai voltar mais forte”.

“Deus está sempre do lado da justiça e contra aqueles iníquos que penalizam os pobres, que não guardam a ética mínima do juiz, que é a equidade, a imparcialidade”, afirmou também o religioso.

Para ele, “a vontade do povo é a vontade soberana”.

“Golpe quer recolonizar o Brasil”

Leonardo Boff também fez duras críticas ao Judiciário e à democracia brasileira, afirmando que o País vive um “estado de exceção”.

Para o teólogo, a figura de Lula “é uma figura límpida” e o ex-presidente não quer o embate, embora se indigne quando o chamam de “ladrão”. Boff classifica o caso do tríplex do Guarujá, cuja reforma seria propina da OAS a Lula pela qual o petista foi condenado a 12 anos de prisão, como “uma vergonha”.

“É uma mentira, falsidade, é um pretexto para tirá-lo como candidato”, disse. “Nós assistimos no Brasil a um Judiciário que é cúmplice do golpe, que perdoa uns e condena outros de forma arbitrária”, avaliou Boff.

Os contrários a Lula, segundo ele, formam um “bloco histórico cuja base são os dependentes da Casa Grande”.

O religioso acusa interesses internacionais na detenção do petista e cita uma “nova guerra fria entre EUA e China”. Para Boff, os parlamentares brasileiros são “literalmente comprados por dólares norte-americanos”.

“Esse conglomerado de forças deram um golpe, cujo objetivo é impedir que os que estão debaixo subam degraus”, disse o religioso. “A tese principal deles é recolonizar o Brasil”, afirmou.

Para o católico, o Brasil faz parte de um “bloco aliado ao Império”. “Vivemos um regime de exceção onde a Constituição não vale”, disse.

Após a entrevista, Leonardo Boff questionou a pessoas que o acompanhavam: “Qual é o santo dos prisioneiros? Acho que é Jesus Cristo mesmo”.

Veja a partir do minuto 9 entrevista com Boff na porta da Superintendência da PF:

#AOVIVO | NOBEL DA PAZ EM CURITIBA ENTRA NA SEDE DA PF PARA VISITAR LULA Com o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e com o teólogo Leonardo Boff, direto do Acampamento #LulaLivre, em Curitiba.#LulaLivre

Publicado por PT na Câmara em Quinta-feira, 19 de abril de 2018

“Queremos o Lula livre para que continue caminhando junto a seu povo”, discursou brevemente o ativista internacional. Ele disse “esperar decisão da juiza para habilitar a visita com o ex-presidente Lula”.

Veja a participação de Esquivel no acampamento pró-Lula:

Publicado por Lula em Quinta-feira, 19 de abril de 2018

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