Líder do PMDB no Senado rechaça proposta de plebiscito para novas eleições

  • Por Estadão Conteúdo
  • 10/06/2016 13h07
Agencia Senado Eunício Oliveira

Para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), é tarde demais para a presidente Dilma Rousseff propor uma consulta popular sobre novas eleições. O peemedebista avalia que a presidente afastada deveria ter sugerido a ideia antes do processo de impeachment ser instaurado. 

Ao Broadcast Político, ele contou que, há alguns meses, o partido cogitou buscar um acordo com a então presidente nesse sentido, mas acredita que, com o processo de afastamento praticamente concluído, uma nova votação iria prejudicar o País.

“Passou da hora. Quando a presidente perdeu as condições para governar, nós chegamos a falar sobre isso em busca de uma saída, mas ela nunca propôs essa discussão. Agora teve o impeachment e o processo já está praticamente concluído. Esse movimento não tem justificativa, só vai gerar ainda mais instabilidade para o Brasil porque seria outro trauma, outra incerteza. Concordo que a eleição legitima o processo, mas você, de repente, fazer a mudança nesse momento, aí sim, a palavra que tanto empregam seria aplicada: seria um golpe”.

Eunício também considera que a consulta popular não seria viável, já que apenas o Congresso Nacional tem o poder de convocar um plebiscito e, para ele, Dilma não teria apoio suficiente. “Não há clima para isso, é o discurso de quem já perdeu e está buscando uma saída tardia”, perspectiva.

A proposta precisaria ser apresentada por, no mínimo, um terço dos senadores ou deputados e aprovada pelas duas Casas por maioria simples (metade mais um dos parlamentares presentes no dia da votação). 

Apesar de alguns senadores indecisos terem sinalizado que mudariam de voto no processo de impeachment caso Dilma apoiasse a realização de um plebiscito em outubro, Eunício disse “não ver nenhuma preocupação nesse sentido”. Ele também negou que os pedidos de prisão da cúpula do PMDB possam influenciar votos.

“Cada um já tem a sua consciência. A consciência do senador é estadual, municipal, regional, representa a Federação. Então não há como a presidente Dilma voltar, eu gosto muito dela, mas ela perdeu as condições.”

Os aliados da petista também estariam conversando com os movimentos sociais para que endossassem a ideia, mas o líder do PMDB minimizou o apoio. “Os movimentos sociais eram pago por eles. Isso acabou no Brasil, porque a gente não aguenta mais pagar isso. Cadê a greve geral que iam fazer? Está todo mundo preocupado com a taxa de desemprego.” 

Segundo partidários da presidente afastada, o movimento de maior resistência seria a Central Única de Trabalhadores (CUT), que já estaria cogitando mudar de ideia caso Dilma fosse absolvida no Senado. 

Nesta quinta-feira (9), em entrevista veiculada pela TV Brasil, Dilma Rousseff admitiu, pela primeira vez, uma consulta popular caso ela reassuma a Presidência da República. “Que se recorra à população para ela dizer… pode ser um plebiscito, eu não vou dar o menu total, mas essa é uma coisa que está sendo muito discutida”, declarou. Nos últimos dois dias, Dilma se reuniu com senadores que defendem a realização da consulta no Palácio do Alvorada para discutir essa pauta.

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