Líder do PT diz que deputados que querem retirar apoio à CPI estão “acovardados”
Líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) criticou a decisão de parlamentares de retirarem apoio para a criação de uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) para investigar a Operação Lava Jato.
Para o líder petista, que articulou o recolhimento de assinaturas para a instalação da CPI, os deputados se “acovardaram” diante da pressão da opinião pública e de grupos ligados a procuradores e juízes que comandam a operação.
Pimenta também afirma que, como o pedido já foi registrado na Casa, não há mais como os deputados retirarem as assinaturas de apoio. “Infelizmente eles se acovardaram. Mas eles têm que ler o regimento, não tem como retirar assinaturas agora”, disse.
Ele afirmou que espera que a instalação da CPI, que ainda depende do aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ocorra nesta quarta-feira, 20. “Seria uma vergonha um poder se intimidar diante da covardia de um grupo de parlamentares que estão aterrorizados pela ameaça de retaliações desses grupos ligados à Lava Jato”, afirmou.
Para ele, as denúncias que surgiram sobre a venda de “proteção” em delações premiadas por parte de advogados e delatores é “muito grave” e precisam ser investigadas. “As delações são um instrumento novo. As denúncias que surgiram são muito graves, não são pequenas. Pessoas pagas para não serem delatadas? Isso é gravíssimo”, disse.
O líder também classificou como “ridículo” o argumento de que o PT articulou a criação da CPI como uma retaliação ao Poder Judiciário após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Esse argumento tem sido utilizado para nós não termos no Brasil uma lei de abuso de autoridade, para não impedir a condução coercitiva, e até para barrar a discussão sobre o teto salarial. Esse tipo de argumento intimidatório, ele beira ao ridículo.”
Delações
Os pontos de partida para o pedido de criação da CPI são as delações dos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e Cláudio de Souza, integrantes do esquema comandado por Dario Messer, chamado de “doleiro de todos os doleiros”. Nas delações, reveladas pelo jornal O Estado de S. Paulo, eles acusam o advogado Antonio Figueiredo Basto, um dos maiores especialistas do País em colaborações premiadas, de cobrar uma “taxa de proteção” de US$ 50 mil mensais (cerca de R$ 185 mil) de outros integrantes do esquema entre 2005 e 2013.
O dinheiro, segundo pessoas que acompanham o caso, seria para proteger outros participantes de futuras delações. Em 2004, Basto intermediou a colaboração do doleiro Alberto Youssef no caso Banestado. Homologada pelo juiz Sérgio Moro, foi a primeira delação premiada do Brasil nos moldes atuais. Basto nega a acusação.
Segundo fontes do Ministério Público Federal (MPF), Basto e seu sócio, Luiz Gustavo Rodrigues Flores, procuraram o órgão para explicar, extraoficialmente, que receberam honorários advocatícios de Messer. Mesmo assim, um procedimento será instaurado, e os advogados serão convocados a prestar depoimento
O instrumento da delação premiada serviu de base para as operações da Lava Jato, que investiga o elo entre os principais partidos do País e o desvio de recursos públicos. No grupo das legendas investigadas, o PT tem afirmado que foi alvo de delações seletivas e “forçadas”. Além do PT, líderes de outros partidos alvos da Lava Jato também assinaram o requerimento para a criação da CPI, como o MDB, PP e PR.
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