Lula acusa desembargadores que o condenaram de formar “cartel”

  • Por Jovem Pan
  • 25/01/2018 13h52 - Atualizado em 25/01/2018 14h16
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ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Lançado como pré-candidato, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa ao lado de Gleisi Hoffmann e Dilma Rousseff em reunião de lideranças do PT na Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo.

Um dia após ser condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi lançado oficialmente pelo Partido dos Trabalhadores (PT) como pré-candidato à Presidência.

O ato ocorreu na sede da CUT em São Paulo e contou com diversas falas de desagravo ao ex-presidente, em que líderes do PT e membros da CUT e MST pregaram a defesa de Lula “nas ruas”, e um discurso do ex-presidente em que ele reafirmou sua inocência e criticou os três desembargadores da 8ª Turma do TRF4 que o condenaram por unanimidade: Gebran Neto Leandro Paulsen e Victor Laus.

“Eles (desembargadores) construíram um cartel para dar uma sentença unânime para evitar o tal do embargo infringente”, disse Lula, ironizando que até poderia enviar o caso ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Se o placar da decisão tivesse sido 2 a 1, Lula teria mais opções de recursos e um novo julgamento no próprio TRF4.

O petista também disse que “não tem nenhuma razão para respeitar a decisão (do TRF4) de ontem”. Ele acusou os desembargadores de se comportarem “como dirigentes partidários”, e não como juízes.

O ex-presidente afirmou que assistiu ao julgamento desta quinta (24) e brincou: “não consigo entender todas as palavras que eles falam, mas não vi eles me acusaram de nenhum crime”. Lula voltou a cobrar provas de seu cometimento de crime.

Lula defendeu que “se algum de nós cometeu erro, tem que ser investigado e punido”. Mas, garantindo sua inocência no caso, disse que “com a mesma coragem que você pune, você inocenta”.

O pré-candidato garantiu que não está sendo candidato para se proteger das acusações que pesam contra ele. “Não aceito que vocês (do PT) me lancem como candidato para me proteger. A minha proteção é a minha inocência. E se for candidato à presidência da república não é para me inocentar”, disse.

Comparando-se a quando Dom Pedro I fez o “dia do fico”, Lula disse que estava fazendo o “dia do aceito” e foi ovacionado pelos militantes como candidato à Presidência.

Dilma

A ex-presidente Dilma Rousseff discursou antes de Lula e disse: “não temos plano B porque sabemos que ele é inocente e não temos por que não explorar todas as contradições que eles deixam”.

Impedir prisão

O líder do MST João Pedro Stedile disse, pouco antes da fala de Lula, que os movimentos sociais tentarão impedir eventual prisão de Lula.

Em recado à Polícia Federal, Stédile disse: “nós não aceitaremos de forma alguma e impediremos com tudo que for possível que o companheiro Lula seja preso”.

Vagner Freitas, presidente da CUT, também fez duro discurso em defesa de Lula, e classificou a condenação do petista como um “ato de irresponsabilidade. “Eles estão achando que vamos ficar de braços cruzados”, disse, acusando os opositores do ex-presidente de “rasgarem a Constituição”.

“Nós vamos enfrentar nas ruas e desautorizar o TRF4”, ameaçou o líder da CUT.

Freitas também ameaçou promover uma “greve geral” em 19 de fevereiro, véspera da votação da reforma da Previdência.

“Rebelião cidadã”

Pouco antes, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou: “para prender o Lula vocês vão ter que prender milhões de brasileiros”.

Lindbergh convocou os militantes “às ruas” e sugeriu uma “rebelião cidadã”. Para o senador petista, a “vitória” dos aliados de Lula não ocorrerá por meio de liminar que permita sua candidatura. “Os advogados que façam o trabalho dele”.

Lindbergh Farias criticou a “burguesia sem consciência democrática” e afirmou que o pacto da redemocratização da Constituição de 1988 está sendo “rompido”.

“Playboyzada fascista”

O deputado federal Wadih Damous chamou os procuradores da Lava Jato que pediram a condenação de Lula, “essa turminha de Curitiba”, de “playboyzada fascista” que quer interferir na política.

Para Damous, o julgamento que manteve a condenação do petista foi “coerente” com uma tendência “fascista” que ele vê no sistema jurídico brasileiro. O deputado acusou os membros do Ministério Público de tentarem espalhar pelo mundo essa suposta “fascistização”.

Eleitor magistrado

O governador do Acre Tião Viana afirmou que “o maior magistrado do Brasil é o eleitor”.

Na mesma linha, o senador Humberto Costa (PT-PE) questionou se “é justo” que “três cidadãos” tenham um direito maior que “milhões de brasileiros”, em referência aos três desembargadores do TRF4 que referendaram a condenação de Lula.

Parecer

No começo da apresentação, falou o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, professor da Universidade Federal do Paraná, que fez parecer sobre a elegibilidade de Lula.

Como o pedido de registro de candidatura para o pleito deste ano é feito apenas em 15 de agosto, apenas depois dessa data adversários poderiam questionar a candidatura do petista.

“O registro de candidatura não é de competência do TRF, do STJ”, disse Pereira, mas sim do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Veja o evento completo do PT:

#AOVIVO – Reunião ampliada da Comissão Executiva Nacional do PT.

#AOVIVO – Reunião ampliada da Comissão Executiva Nacional do PT.

Publicado por PT – Partido dos Trabalhadores em Quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

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