Lula acusa Moro de “vaidade”, “subordinação à Globo” e “mente doentia”

  • Por Jovem Pan
  • 08/04/2018 12h53 - Atualizado em 08/04/2018 12h53
Reprodução/Ricardo Stuckert/Twitter PT Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou vídeo antes de ser preso, ainda confiante de que algum recurso jurídico pudesse livrá-lo da cadeia

Em novo vídeo de quase cinco minutos divulgado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) neste domingo (8), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz, antes de ser preso, que o juiz federal Sérgio Moro o condenou em primeira instância por “vaidade pessoal” ou supostas influências da Rede Globo.

A entrevista a Frei Betto foi gravada no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde Lula ficou recluso entre a noite de quinta (5), quando Moro emitiu seu decreto de prisão, e este sábado (7), quando se entregou à Polícia Federal.

“Foi por isso que ele (Moro) fez isso (pediu minha prisão). A única coisa: a vaidade pessoal, a vaidade, quem sabe a subordinação à Rede Globo de televisão, porque a Globo manda hoje na Lava Jato, e a vontade de tirar a fotografia minha preso. É a única razão, a única explicação que eu encontro para essa loucura”, disse o ex-presidente condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“A decretação da prisão pelo Moro é porque eu sou o sonho de consumo do Moro”, disse Lula. “Toda essa palhaçada com meu nome que ele e a Globo fazem todo o santo dia não pode ter um fim se eu não for preso”, afirmou.

“É uma mente doentia do Moro. Sabe, eu fui prestar depoimento e é uma doentia. É uma obsessão em que a mentira não tem limite”, classificou Lula.

2ª instância

O ex-presidente voltou a associar o mandado do juiz federal à possibilidade de reversão de entendimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da constitucionalidade da execução provisória da pena para condenados em 2ª instância, como é o caso de Lula.

“A ideia é a seguinte: ‘vai que venha uma liminar e acabe com esse negócio da condenação na segunda instância, e nós não prendemos o Lula. Porra, assim não vale'”, ilustrou o ex-presidente, informando também que na segunda-feira (9) sua defesa deve entrar com os “embargos dos embargos” de declaração ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), último recurso na Corte que não tem o poder de reverter a sua pena de 12 anos e um mês de prisão pelo caso do tríplex no Guarujá, que teria sido objeto de propina.

“Estou muito tranquilo. Por incrível que pareça, eu estou muito, mas muito de bem com minha consciência, de bem com minha vida. O que me faz ficar bem é a tranquilidade da minha consciência”, disse também o petista.

“Eu duvido que o (juiz Sérgio) Moro, eu duvido que o Dallagnol, eu duvido que os caras que fizeram as mentiras que estão fazendo contra mim deitem toda noite com a consciência tranquila que eu deito e durmam o sono que eu durmo”, desafiou. “Eles devem estar com a consciência pesada”, supôs.

“Pode demorar um pouco, mas nós vamos vencer essa batalha”, afirmou ainda Lula.

1980

O ex-presidente disse que está “muito mais tranquilo” do que quando foi preso em 1980, na Ditadura Militar, por liderar greve dos metalúrgicos do ABC. Ele conta que temeu ser morto à época, jogado na Via Anchieta, que liga São Bernardo a São Paulo, pelos membros do regime. “Mas daí o cara liga o rádio e o (Frei) Betto tinha ligado para o Dom Paulo Evaristo Arns e o Dom Paulo tava fazendo a denúncia. Falei: porra, tô salvo”.

No momento em que o vídeo foi gravado, Lula dizia que ainda não havia decidido se se entregaria ou não à polícia. “Estou meditando e vou tomar a decisão correta”, disse, após coçar o nariz.

O ex-presidente acreditava que algum “habeas corpus” impetrado por sua defesa aos tribunais superiores, desde a expedição do mandado de prisão, prosperasse, o que não aconteceu.

“Quem sabe quando o Betto chegar em Petrópolis (RJ) já vou estar salvo aqui porque eu acho que deve acontecer alguma coisa juridicamente para que essa alucinação, essa doença….”, disse Lula, ao interromper a si mesmo para classificar a mente do juiz Sérgio Moro como “doentia”.

“Bom final de semana e se Deus quiser quem sabe a semana que vem estaremos juntos”, disse Lula, otimista, em mensagem a Leonardo Boff e o Grupo Emaús, que integram parte da Igreja Católica adepta à Teologia da Libertação, que associa os ensinamentos bíblicos aos ideais de esquerda, dando um sinal de “joinha”.

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