Lula se prepara para ser “o primeiro preso político brasileiro”

  • Por Jovem Pan
  • 06/03/2018 11h21 - Atualizado em 06/03/2018 11h35
Reprodução Lula falou a rádio da Bahia, disse ter "pena" de Antonio Palocci e se solidarizou com o ex-ministro Jaques Wagner, acusado de receber R$ 82 milhões

No dia em que tem habeas corpus preventivo julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse confiar nas “instâncias superiores” para reverter sua condenação, prisão e inelegibilidade, mas já cogita ser visto como “o primeiro preso político brasileiro”.

“Eles podem mandar prender, podem mandar soltar, podem mandar fazer tudo”, disse. Lula chamou o julgamento em 2ª instância, que aumentou sua condenação na Lava Jato para 12 anos de prisão, de “encenação de uma coisa absurda”. “Depois daquela votação no TRF4, sinceramente, se dependesse dali eu não teria por que acreditar na Justiça”

“Eu espero que nas instâncias superiores esse processo seja revisto, repensado para as pessoas poderem não me transformar no primeiro preso político brasileiro”, declarou o pré-candidato do PT à Presidência.

“Se não provarem um real na minha conta, um dólar na minha conta, uma telha na minha conta que não seja minha, eu terei que me considerar um preso político, e eles então terão que arcar com uma responsabilidade de ter a pessoa que foi o melhor presidente do Brasil, a pessoa que lidera todas as pesquisas da opinião pública (de intenção de voto), ou seja, eles vão ter que arcar com o preço de decretar minha prisão”, discursou o ex-presidente.

Lula reafirmou que não vai fugir para outro país.

“Esse País não pode terminar assim, ou seja, todo dia tem mais notícias negativas do que positivas”, disse também Lula, se solidarizando em seguida com o ex-ministro Jaques Wagner, acusado em recente operação da Polícia Federal de levar R$ 82 milhões em propina e caixa dois na construção da Arena Fonte Nova, da Copa do Mundo, quando governador.

“Não sou de carregar mágoa nem de ficar rançoso”, disse Lula, lembrando que “aos 72 anos” esses sentimentos podem “dar azia”. “Eu quero que numa boa eles peçam desculpa”, voltou a solicitar o petista, condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.

Economia

No discurso eleitoral, Lula criticou o programa de austeridade econômica de seus adversários. “Eles não conseguiram criar um candidato porque eles não tem o que oferecer ao povo brasileiro. Eles só falam em corte, corte, corte”, disse. Lula defendeu revogar a PEC do teto dos gastos públicos e disse que “a Constituição já foi pro beleléu” com as diversas emendas. A emenda do teto aprovada pelo governo Temer limita os gastos do governo federal ao crescimento da inflação no ano anterior.

“Como eu posso me conformar quando eu vejo uma elite perversa tentando entregar o Brasil a meia dúzia de pessoas?”, discursou o petista, condenado por favorecer uma grande empreiteira quando era presidente.

Candidatura

Lula disse que seus adversários estão unânimes “preocupados” porque não têm um candidato forte. “Eles estão numa situação complicada porque eles não conseguem encontrar um candidato”, afirmou. “Eles pensam que se eu não for candidato eles tem uma chance”.

O ex-presidente se disse “preocupado” com o “ódio disseminado na sociedade”. “O PT é criticado pelas coisas boas que faz, pelo nosso compromisso com os mais pobres. Quero ganhar as eleições pra restituir a paz nesse país”, declarou.

Lula disse que é “uma das poucas pessoas que podem consertar esse País”.

O ex-presidente voltou a dizer também que dorme com a “consciência tranquila”.

Essas falas foram dadas por Lula em entrevista à Rádio Metrópole de Salvador, transmitida pela página do ex-presidente. Veja:

Entrevista ao Jornal da Bahia no Ar

Lula fala com Mario Kertész, na Rádio Metrópole de Salvador. #lulanoradio

Publicado por Lula em Terça-feira, 6 de março de 2018

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