Maia se reúne com Rosso e garante que Centrão não será entrave

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/09/2016 16h16
  • BlueSky
Valter Campanato/Agência Brasil Deputado Rodrigo Maia

Presidente interino da República até a próxima terça-feira (6), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse neste domingo (4) que o Centrão, grupo que derrotou na disputa pelo comando da Casa, é parte integrante da base de Michel Temer e não criará problemas na votação de projetos de interesse do governo no Congresso.

Maia jantará esta noite com o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), um dos líderes do grupo, formado por 13 partidos, que teve mais força durante a gestão do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente da Câmara, mas ainda é decisivo na votação de matérias importantes para o governo, como o limite do teto de gastos públicos federais e a reforma da Previdência.

Em julho passado, Rosso perdeu para Maia a eleição para a presidência da Câmara, no segundo turno, por 285 votos a 170. Alguns expoentes do Centrão continuam aliados a Cunha e tentam evitar a cassação do mandato do peemedebista, em sessão marcada para o dia 12 de setembro.

“Rosso sabia que eu ia estar em Brasília, me convidou para jantar na casa dele. Com o maior prazer. A gente está construindo uma relação. Rosso está no primeiro mandato, mas, com outros (integrantes do Centrão), tenho uma relação antiga. Não é porque ficamos em posições diferentes no processo eleitoral da Câmara que vamos nos afastar. A gente tem o mesmo projeto, os mesmos objetivos”, disse Maia no fim da manhã, em sua casa no Rio, antes de embarcar para Brasília.

O presidente interino da República negou que o Centrão possa criar tensão com o governo e com outros partidos como o DEM, o PSDB e o PPS, que apoiaram Maia para presidente da Câmara. “(O Centrão) não dificulta nada, acho que vai ter uma harmonia da base do governo. Estou sentindo isso em todos os ministros do governo, nos partidos que foram da minha base no início da minha eleição. Não vamos deixar ter divisão”, disse o deputado.

Apesar do movimento de aliados de Eduardo Cunha para esvaziar a sessão do dia 12 e adiar a votação da cassação do mandato do deputado, Maia aposta que haverá quórum para deliberar. “Pelo que estou ouvindo dos deputados, haverá quórum alto na segunda-feira. Acho que, como estratégia política, ele (Cunha) vai olhar primeiro se consegue (esvaziar a sessão). Se não conseguir, o segundo movimento vai ser dar presença”, afirmou.

Na avaliação de Maia, a votação fatiada do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que perdeu o mandato, mas teve os direitos políticos mantidos, não se aplica a Cunha. O que os aliados do peemedebista tentarão, diz Maia, é a aprovação de um destaque que permita a votação de uma punição mais branda que a cassação. Foi por meio de um destaque que os aliados de Dilma Rousseff conseguiram dividir a votação no Senado. “Este benefício do fatiamento ele (Cunha) não tem, o que ele pode questionar é o direito de votar um destaque, para tentar votar outra condenação. Esse deve ser o encaminhamento dos deputados próximos a ele no plenário, no dia 12. Vamos ver o que o plenário vai decidir, uma decisão dessas, tão importante, não pode ser uma decisão exclusiva de ninguém”, declarou Maia.

Para o presidente da Câmara e da República interino, como presidente definitivo, Temer ganha “nova condição” de unificar a base. Maia evitou comentar a divisão do PMDB em pontos como a manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff, aprovada graças à ação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e com o voto de dez senadores peemedebistas. A derrubada da inabilitação da presidente cassada abriu uma crise na base governista.

“Daqui para frente, o governo vai organizar sua base para votação das matérias. Agora ele é o presidente, é outro encaminhamento, outra condição, outro poder. É outro ambiente, que vai dar condição a ele para que unifique a base na Câmara e no Senado”, afirmou.

As manifestações contra Temer, acredita Maia, deverão “diminuir no curto prazo e, com o governo indo no caminho certo, a tendência é acabar”. “Se forem aprovadas as reformas, com a economia sinalizando melhora, acho que as manifestações acabam. Há um grupo à parte, de radicais, que, com o governo dando certo, podem se inviabilizar, porque não terão a proteção da sociedade, que tem o direito de se manifestar. Os anarquistas não acabam hoje nem nunca”, disse Maia.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.