Mais comum em mulheres, osteoporose pode matar mais que câncer de mama

  • Por Camila Corsini
  • 20/10/2019 08h00
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Unsplash Raio x Acredita-se que uma a cada quatro mulheres terão, ao longo da vida, um trauma ligado à osteoporose

Dor nas costas, fratura após um simples abraço, perda de estatura repentina. Estima-se que, no Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas têm osteoporose – mas muitos nem sequer imaginam.

O dia 20 de novembro é considerado o Dia Mundial de Combate à Osteoporose. A doença, silenciosa, se manifesta majoritariamente em indivíduos do sexo feminino. Acredita-se que uma a cada 4 mulheres na menopausa terão, ao longo da vida, um trauma ligado a ela.

Isso acontece porque há uma relação direta do hormônio feminino, o estrogênio, com a saúde dos ossos. Quando a mulher atinge a menopausa, eles ficam naturalmente mais fracos. Essa fragilidade pode ocasionar fraturas que, embora simples, podem ter consequências perigosas – podendo levar até ao óbito.

O reumatologista e presidente da Abrasso, a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo, Charlles Heldan, explica que, dentre todas as fraturas, a do quadril é a mais temida. Os dados mais recentes, de 2012, mostram que são cerca de 100 mil novos pacientes com a fratura ao ano apenas no Brasil.

“Estima-se que 20% dos pacientes que fraturam o quadril vão a óbito em até 12 meses. Esse número é maior do que a incidência de morte em decorrência do câncer de mama”, explica. A incidência de óbitos por câncer de mama em mulheres brasileiras foi de 16,7 mil casos em 2018, segundo o Inca, Instituto Nacional de Câncer.

De acordo com o reumatologista, a fratura do quadril é “devastadora” no âmbito pessoal, financeiro e social. “Ela deixa 1/3 dos pacientes incapacitados e dependentes de terceiros, além dos custos altos com internação e cirurgia. Cerca de 80% dos pacientes que sobrevivem têm dificuldades em realizar, pelo menos, uma atividade diária sem auxílio.”

Para Charlles, uma maneira de evitar traumas maiores é realizar exames preventivos, como a densitometria óssea, a partir da idade recomendada. Para mulheres, ela é a partir dos 50 anos. Para homens, dos 70 em diante.

Para pacientes que são obesos, diabéticos, fumantes, estão na menopausa, já tiveram fraturas ou tem histórico familiar – o chamado grupo de risco -, o exame deve ser feito ainda mais cedo. “A fratura é a principal manifestação física da osteoporose, quando ela acontece significa que a pessoa já estava com a doença há algum tempo”, explica. 

Relato

A dona de casa Maria de Lourdes Pereira, de 68 anos, buscou ajuda ao sentir um incômodo nas costas em 2009. Com a realização do exame e posterior confirmação do diagnóstico, iniciou o tratamento em 2010.

Ela nunca teve uma fratura sequer e garante que vive uma vida sem impedimentos. “Faço meus afazeres, passeios, viagens. Tenho uma vida normal, estou ótima”, comemora Lourdes, que toma complemento de cálcio e vitamina D via oral e faz um tratamento semestral com injeção, para fortalecimento ósseo, no Hospital São Paulo, na capital paulista.

Prevenção

O reumatologista ressalta que a osteoporose é uma doença pediátrica que se manifesta no envelhecimento. Ele explica que a prevenção da osteoporose deve ser iniciada na mais tenra idade. “Durante a infância e a adolescência nós construímos uma poupança óssea. Quanto mais fortalecida ela estiver, melhor.”

Esse fortalecimento acontece através da ingestão de uma dieta rica em cálcio – como leite, iogurte, queijos, vegetais verdes e feijão – e proteína. Para uma pessoa adulta, a ingestão recomendada é de três porções diárias, cerca de 1200 mg. Além, é claro, da prática de atividades físicas regulares que tenham o objetivo de fortalecer os músculos e tendões.

Tratamento

O tratamento para a osteoporose é feito com medicamentos que reduzem o risco de fraturas, já que a doença não tem cura. “Além dos medicamentos há um acompanhamento feito através da densitometria óssea. É importante que haja adesão ao tratamento e que o paciente tome o remédio regularmente”, afirma Charlles. 

Existem vários tipos de medicamentos e a escolha é feita respeitando a preferência do paciente e as particularidades da doença. Segundo o reumatologista, o tratamento individualizado é efetivo.

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