Maluf defende Temer na CCJ: “todos pediram recursos, eu pedi e Michel pediu”

  • Por Jovem Pan
  • 17/10/2017 15h07 - Atualizado em 17/10/2017 15h18
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Reprodução/TV Câmara "Se Michel Temer fez algum erro, algum engano, tem tempo para ele ser condenado depois", disse Maluf, que aguarda decisão final do STF sobre a própria condenação

O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), condenado por lavagem de dinheiro pelo Supremo Tribunal Federal, defendeu veementemente nesta terça-feira (17) o presidente Michel Temer (PMDB) na comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que analisa denúncia contra o peemedebista e ministros por organização criminosa e obstrução de Justiça.

Maluf disse que as acusações que pesam contra Temer são “agressões que se fazem sem base em lei”.

Citando entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Maluf defendeu a permanência do atual mandatário. “Tirar Temer e colocar quem?”, questionou. “Eu acho que nós temos que esperar terminar esse mandato. Se Michel Temer fez algum ‘erro’, algum ‘engano’, tem tempo para ele ser condenado depois, para ser julgado depois. Mas hoje não”, disse.

Maluf também acusou o ex-procurador-geral Rodrigo Janot de fazer “terrorismo para os investimentos nacionais e estrangeiros no Brasil”.

“O que se fez foi um terrorismo, não foi legal”, classificou. “O relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) é um primor, vocês têm que tirar cópias e levar para casa para ler”, elogiou Maluf, citando o relatório que recomenda a paralisação da denúncia contra o presidente.

O deputado paulista disse que Janot “quis jogar para a plateia” e “aparecer na mídia”. “O mal que ele fez à economia durante os anos de 2016 e 2017 com essas acusações falsas e denúncias vazias, isso ele não paga porque isso não volta atrás”, avaliou.

“Pediu recursos, sim”

Maluf citou episódio citado na denúncia em que Temer teria intermediado propina para a campanha de Gabriel Chalita (PMDB) à Prefeitura de São Paulo em 2012. O ex-presidente da Transpetro Sergio Machado disse em delação que Temer participou de reunião na base aérea de Brasília em que se acordou repasse de R$ 1,5 milhão para o então candidato.

O delator e operador do PMDB Lúcio Funaro também acusou Temer de ter autorizado e se empenhado a favor de repasse de caixa dois para Chalita. À época, Temer era vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB.

O presidente Michel Temer sempre negou ter participado da reunião e solicitado qualquer propina.

Maluf, porém, mesmo defendendo o presidente, disse que Temer “pediu recursos, sim” e desafiou os deputados a responderem “quem não pediu”.

“Aqui o presidente da República responde por atos praticados enquanto era presidente. Não como presidente do PMDB há oito anos atrás numa campanha eleitoral, onde ele pediu recursos, sim. Eu também, como presidente do PDS por vinte anos e presidente do PP, pedi recursos”, comparou-se Maluf, sem deixar claro se se referia a recursos regulares ou irregulares.

“E quero dizer aqui: quem aqui pode levantar a mão e dizer: ‘estou aqui sentado sem ter pedido recursos para ninguém? Minha campanha custou zero. Não foi financiada nem pelo partido nem pelos meus amigos’”, desafiou o parlamentar paulista condenado.

“Todos pediram recursos, eu pedi e Michel Temer pediu”, resumiu Maluf.

Ironia a petistas – “Lula almoçou na minha casa”

Maluf aproveitou a citação à campanha da Prefeitura de São Paulo em 2012 para relembrar quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o visitou para pediu o apoio a Fernando Haddad, que acabou vencedor do pleito. O pepista brincou com os petistas da Câmara.

“Uma coisa que vocês do PT nunca conseguiram é levar o Lula para almoçar na casa de vocês. E o Lula foi almoçar na minha casa para pedir meu apoio”, citou.

Bate-boca com Valente

Maluf disse que conhece Temer “há mais de 30 anos” e ressaltou seu currículo como secretário de Segurança Pública de São Paulo e como deputado e presidente da Câmara.

“Se por três vezes ele (Temer) foi eleito presidente da Câmara, é porque seus companheiros reconhecerem nele valores que o dignificam”, afirmoou Maluf, que foi logo interrompido pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP): “(Eduardo) Cunha também foi eleito”.

Maluf ficou em silêncio e outro parlamentar o defendeu exigindo de Valente respeito e que ele retirasse “essa palavra agressiva”. “É constatação da realidade”, respondeu Valente.

Com um minuto a mais acrescido de seu tempo, Maluf retomou a palavra e citou obras que realizou como prefeito de São Paulo. “Posso dizer a esse engenheiro que mora em São Paulo que ele não anda um quilômetro na cidade de são paulo sem pisar numa obra de Paulo Maluf”, afirmou, referindo-se a Valente, também engenheiro.

Acusações

Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por organização criminosa – o “quadrilhão do PMDB”. Segundo o Ministério Público, eles teriam recebido pelo menos R$ 587 milhões de propina nos últimos anos, oriundos de órgãos como Petrobras, Caixa Econômica Federal e Furnas.

O presidente da República também foi denunciado, sozinho, por obstrução de Justiça. Temer teria cometido o crime ao, segundo a PGR, ter dado aval à compra do silêncio do ex-presidente da Câmara e hoje deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao corretor Lúcio Funaro, ambos presos.

Assista ao vivo à Comissão de Constituição e Justiça:

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