Mandetta sobre Bolsonaro: ‘História vai mostrar quem estava certo, mas números falam por si’

  • Por Jovem Pan
  • 13/05/2020 16h38 - Atualizado em 13/05/2020 16h44
Isac Nóbrega/PR Luiz Henrique Mandetta foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em abril

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a falar nesta quarta-feira (13) sobre a saída do governo, em abril. Em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN dos Estados Unidos, ele disse que a história mostrará quem estava certo: ele ou o presidente Jair Bolsonaro, que o demitiu durante a crise do coronavírus.

“A história vai mostrar quem está certo e quem está errado, mas os números falam por si só”, disse Mandetta, citando as vítimas da Covid-19 no Brasil. Para o ex-ministro, o país ainda está entrando na fase mais difícil do combate à doença e os próximos dias devem ter mais de 1.000 mortes diárias. Em uma escala de 0 a 10, ele disse que a preocupação com a disseminação do vírus no Brasil é 10.

Mandetta voltou a afrimar que Bolsonaro tinha o direito de demití-lo porque foi eleito para comandar o país. O médico, no entanto, revelou que “não conseguiu lidar” com o fato do presidente dizer para as pessoas saírem de casa e voltarem ao trabalho enquanto a pasta defendia o isolamento. “Nós estávamos em lados opostos”, resumiu.

O ex-ministro lamentou o fato de Jair Bolsonaro ainda querer que as coisas voltem ao normal enquanto o Brasil apresenta crescimento nos casos e mortes por Covid-19. Ele disse que até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou quando viu que a situação no país era grave, mas Bolsonaro não o fez.

“Ele continua dizendo que nós temos o remédio, que é a cloroquina, e é que é barato”, afirmou. “Infelizmente, ele é um dos poucos líderes que seguem afirmando que a economia deve voltar de qualquer maneira, que a perda de empregos vai ser pior que a doença e as pessoas deveriam se preocupar em voltar a trabalhar porque ficar em casa será mais prejudicial do que a doença”, desabafou Mandetta.

Ainda na entrevista, Luiz Henrique Mandetta lembrou da viagem que Bolsonaro fez aos Estados Unidos, em março, quando encontrou Trump. Na volta, pelo menos 23 pessoas da comitiva foram diagnosticadas com Covid-19. “Foi uma viagem do corona”, disse.

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