Mandetta: Bolsonaro é como ‘pedra no caminho’ do combate à Covid-19

  • Por Nicole Fusco/Jovem Pan
  • 23/06/2020 11h39 - Atualizado em 24/06/2020 08h02
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Mandetta voltou a alfinetar o presidente Jair Bolsonaro na condução da pandemia

O ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, comparou o presidente Jair Bolsonaro a uma “pedra no caminho”. O trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade foi citado por Mandetta durante uma conversa com professores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), nesta terça-feira (23).

“No meio do caminho havia uma pedra. Havia uma pedra no meio do caminho. Essa pedra começou a entender que nada desse caminho poderia ser dado andamento porque a consequência para a economia seria muito danosa”, disse, fazendo referência às ações do governo federal no combate ao coronavírus.

Durante a pandemia, o presidente Bolsonaro defendeu a abertura da economia e criticou estados e municípios que fizeram quarentena. Nesta segunda-feira (22), quando o Brasil registrou mais de 50 mil mortes, Bolsonaro disse que “talvez tenha havido um pouco de exagero” na forma como a Organização Mundial da Saúde e outras autoridades lidaram com a Covid-19.

Mandetta também comentou a sua demissão do cargo, que ocorreu em 16 de abril, e a presença de militares no Ministério da Saúde. Para ele, “o grande erro não é trocar o ministro, mas o segundo e o terceiro escalões”. ”Depois da saída do ministro que me substituiu (Nelson Teich), houve uma ocupação militar, que não guarda nenhum compromisso com saúde. Eles têm valores muito nobres, que são ensinados nas Forças Armadas, mas que estão muito distantes dos valores que se guardam em quem quer dedicar a vida à saúde pública”, criticou.

Na opinião do ex-ministro da Saúde, “esse posicionamento político fará parte da história natural da doença”. “Será mais um componente do quadro clínico entre os fatores agravantes que nos levam a determinados patamares de incidência (do vírus).”

Luiz Henrique Mandetta disse, ainda, que pretende escrever um livro sobre o período em que esteve à frente do ministério no combate à pandemia do coronavírus. “Se encontra pouca coisa escrita sobre 1917 na gripe espanhola”, comparou ele.

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