Entregadores de apps marcam greve geral para o dia 1° de julho

Motoboys reivindicam aumento do pagamento das corridas por quilômetro, fim de desligamentos indevidos e distribuição de máscaras e álcool em gel

  • Por Camila Corsini
  • 19/06/2020 07h00 - Atualizado em 19/06/2020 09h16
Divulgação Entre as pautas da categoria, também estão o direito ao seguro de roubo, de acidente e de vida, além de um auxílio pandemia

Batizada de #BrequeDosAPPs, uma paralisação dos entregadores de aplicativos como Rappi, iFood, UberEats, Loggi e James está marcada para acontecer no próximo dia 1º de julho em busca de melhores condições de trabalho em plena pandemia do coronavírus. Organizado por entregadores de todo o país, as reivindicações gerais envolvem o aumento do pagamento das corridas por quilômetro e o fim dos bloqueios e desligamentos indevidos. De acordo com os trabalhadores, todas as empresas de delivery pagam R$ 0,93 por quilômetro rodado em cada viagem e, muitas vezes, o critério de escolha do motorista para atender um chamado não é claro.

“Se eu estou perto de um restaurante, em vez de me chamarem para alguma entrega próxima da minha localização, me colocam em um pedido a 8 km, para entregar 6 km ainda mais para frente”, explica Geraldo Júnior, conhecido como Mineiro, que chegou a trabalhar para o iFood, o Rappi e o Uber Eats. Mas esse é apenas um dos transtornos relatados. “Se eu pego um pedido de uma compra no valor de R$ 600 no Rappi, como eu vou colocar numa bag de 12 quilos? Se nós negamos, eles acabam nos bloqueando na região.” Mineiro afirma que, após se pronunciar reivindicando melhorias aos trabalhadores, foi bloqueado pelos apps, e agora presta serviços apenas para a Loggi. “Eu desconfio que fui bloqueado por retaliação. E não tive justificativa nem direito de resposta.”

Os organizadores da paralisação também reivindicam o direito ao seguro de roubo, de acidente e de vida e um auxílio pandemia, que incluiria mais máscaras, luva, álcool em gel, entre outros, além de uma licença do trabalho, caso algum entregador seja infectado em serviço. Em relação ao Rappi, eles pedem o fim do sistema de pontuação, que classifica o entregador conforme o desempenho nas entregas. Robson Silva, que trabalha para a Rappi, Uber Eats e iFood, lembra de um acidente que sofreu e o impediu de sair por 30 dias. “A empresa não deu a mínima para o meu caso.” Geraldo Júnior reforça o problema. “A indenização das empresas é bloquear a gente. Sempre que sofremos algum acidente ou se alguém pega uma doença, ocorre o bloqueio total da plataforma. Não temos suporte nem indenização.”

Posição das empresas

Procuradas pela reportagem da Jovem Pan, das empresas citadas do panfleto de divulgação da greve (Rappi, UberEats, Loggi e James) apenas o iFood se manifestou. As outras não se posicionaram até a publicação desta reportagem.  Em nota, o iFood informou que o valor médio pago por rota é de R$ 8,00 e que este valor é calculado usando fatores como a distância percorrida, a cidade e o dia da semana. “Todos os entregadores ficam sabendo do valor por rota antes de optar por aceitar ou declinar a entrega ofertada. Recentemente, a empresa passou a oferecer um valor mínimo de R$ 5,00 por pedido”, segundo o comunicado da empresa. Quanto à paralisação, a companhia informou que entende “a importância e apoia a liberdade de expressão em todas as suas formas”. Segundo o iFood, a empresa tem Seguro de Acidente Pessoal e, com ele, “todos os entregadores estão cobertos enquanto estiverem em entregas e na volta para casa, sem nenhum custo”.

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