“Manifestação foi pouco alentada”, diz professor de Ciência Política

Atos em favor da Petrobras acontecem em grande parte do Brasil

O professor em ciência política da Fundação Getúlio Vargas, Cláudio Couto, analisou os protestos desta sexta-feira (13) em favor da Petrobras. Os atos na cidade de São Paulo foram pacíficos e reuniram 41 mil pessoas, segundo dados da Datafolha. “Agora vamos aguardar para ver se essa mesma tranquilidade democrática se repete no domingo”, diz. Ele classifica a manifestação como “pouco alentada”, quando comparada com outros atos vistos nos últimos anos.

O professor comenta a polarização dos brasileiros que vem se evidenciando cada vez mais desde a época das eleições. “Isso se reflete no tom e intensidade do debate público, tanto pelos órgãos de comunicação maiores, como no âmbito de uma sub opinião pública, que é aquela das redes sociais. A gente vê uma polarização muito grande e um certo grau de intolerância em relação ao outro”, afirma. Segundo ele, isso é preocupante e deve se tornar ainda mais intenso nos próximos meses.

Para melhorar a popularidade do governo, ele diz que é necessário que seja tomado um rumo claro em relação as políticas, além de se recompor com o Congresso. “Sem isso, vai ficar difícil”, observa. O professor acredita que o problema com o Congresso acontece por conta das características de Dilma Rousseff. “Dilma vai perdendo apoio dos aliados, ela vai dependendo mais do voto da oposição. Ela resolveu no começo do segundo mandato comprar uma briga com Eduardo Cunha. Esse foi um estrago decorrente de mau cálculo político. Os eventos mais recentes do Lava Jato pioraram a relação”, explica ele.

Cláudio também comentou o panelaço do último domingo (8), Dia Internacional da Mulher. “Foi um discurso equivocado de Dilma, não era momento de falar dessas coisas, mas da questão da mulher. Ali era uma hora de desviar um pouco o foco, e o que o governo conseguiu foi trazer o foco para si. Há momentos de recuo e de ataque, e aquele claramente era de recuo”, aponta.