Manifestantes jantam e passam a noite no plenário da Câmara dos Vereadores em SP
Os manifestantes que ocuparam o plenário da Câmara Municipal de São Paulo na tarde desta quarta-feira (9), passaram a noite no local após terem lanchado e jantado pizza com refrigerante. A noite foi tranquila, segundo informações da presidência da Casa.
O grupo, com cerca de 70 estudantes e manifestantes ligados a partidos de esquerda, protesta contra os projetos de concessão e privatização de serviços e equipamentos públicos encaminhados pela gestão do prefeito João Doria (PSDB).
Eles entraram no plenário por volta das 13h desta quarta. À noite, a Procuradoria do Legislativo entrou na Justiça com um pedido de reintegração de posse do plenário. A expectativa é que a decisão saia até o início da tarde desta quinta-feira, 10.
Entre os movimentos que participam da manifestação estão a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento Pela Cultura, o Levante Popular da Juventude, o Fora do Eixo e a Unidade Popular Socialista, conforme informações da presidência.
Segundo informações da assessoria da Câmara, o presidente da Casa, vereador Milton Leite (DEM), aliado de Doria, dormiu na presidência. Já a vereadora Juliana Cardoso (PT) optou por passar a noite junto dos manifestantes no plenário.
Após terem água e comida negados pelo presidente da Câmara, acabou sendo liberada a entrada até meia-noite, e os estudantes receberam 200 pães com manteiga. A permissão, porém, foi fruto de negociação.
Em troca da comida e da água, além da liberação para uso do banheiro – solicitações feitas dos manifestantes -, Leite pediu que cinco adolescentes que estavam no plenário saíssem, de acordo com a presidência da Casa. Os jovens deixaram o local por volta de meia-noite.
O protesto
Com o apoio de vereadores do PT e PSOL, que fazem oposição a Doria, os manifestantes reivindicam a suspensão imediata dos projetos de lei que definem a concessão de parques, mercados, bilhete único e do estádio do Pacaembu à iniciativa privada. Os projetos já foram aprovados em primeira votação pela Câmara e devem ser votados em definitivo até setembro, segundo estimativa de aliados do prefeito.
O grupo também pede a realização de 32 audiências públicas para discutir os projetos de concessão (uma para cada prefeitura regional), além da realização de um plebiscito, para consultar a população da capital se a maioria é a favor ou contra os projetos de desestatização.
A proposta de plebiscito foi feita pela vereadora Patrícia Bezerra (PSDB), ex-secretária de Direitos Humanos da gestão Doria, e está parada na Câmara.
Os manifestantes também reivindicam a revogação das alterações no passe-livre estudantil, que restringiu os horários de uso do bilhete que dá descontos nas passagens de ônibus aos estudantes da capital.
Por volta das 19h desta quarta, os estudantes e membros de movimentos sociais e partidos políticos organizaram uma espécie de coletiva de imprensa. Uma carta contra “a venda de São Paulo” foi lida pelos manifestantes.
Vereadores como Eduardo Suplicy (PT) e Juliana Cardoso (PT), além do Padre Júlio Lancelotti, entraram no plenário para facilitar as negociações entre manifestantes e a presidência da Câmara. Na noite desta quarta, cinco viaturas da Polícia Militar estavam do lado de fora da Casa, mas o clima era tranquilo.
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