Medo da Cracolândia faz com que 15% não ocupem conjunto habitacional no centro de SP

Complexo Júlio Prestes está sendo construído desde 2017 em parceria com a iniciativa privada e prevê a entrega de 1.508 unidades ao todo

  • Por Nicole Fusco
  • 16/08/2019 07h30
Victoria Abel/Jovem Pan Na última semana, o governo de São Paulo construiu um muro ao redor das obras do Complexo Júlio Prestes, na região central da cidade de São Paulo, que abriga a Cracolândia

Das 914 unidades entregues do Complexo Júlio Prestes, no centro de São Paulo, 137 não foram ocupadas — cerca de 15%. O principal motivo é o medo dos moradores com a falta de segurança da região, que é conhecida por abrigar a Cracolândia.

No local estão sendo construídos, desde 2017, quatro edifícios, que terão 1.508 unidades ao todo. O projeto, tocado em parceria com a iniciativa privada, terá a chamada fachada ativa, com lojas, uma creche para até 200 crianças e a Escola de Música Tom Jobim.

Na última semana, o governo de São Paulo subiu um muro ao redor de um dos edifícios. Segundo o executivo estadual, o objetivo era conseguir finalizar as obras, que devem ser entregues em dezembro, como explica o secretário de habitação do estado de são paulo, Flávio Amary.

“Essa ação do muro ocorreu para que a gente desse continuidade à obra, nas ligações finais de água, de esgoto, de iluminação elétrica, trazendo segurança para as pessoas que trabalham na obra e também para os pedestres que ficam naquela região”, disse ele, em entrevista à Jovem Pan.

Para o secretário, é preciso dar vida à região da Praça Júlio Prestes, para resolver o problema da Cracolândia. “São ações urbanísticas muito importantes, uma intervenção muito importante, que vai trazer a solução para aquelas pessoas que estão lá. As pessoas morando lá faz parte do processo”, afirmou.

“Sim, existe uma ou outra família que não se adapta, a gente vai fazendo essa substituição se assim for necessário, mas o resultado vai acontecer quando a gente tiver as pessoas morando ali, a escola de música funcionando, a creche atendendo as pessoas, o comércio ativo”, continuou Amary.

As unidades habitacionais do Complexo Júlio Prestes foram distribuídas por meio de um sorteio eletrônico, em julho de 2017. Os participantes tinham que estar inscritos no site da secretaria estadual de habitação.

Para se inscrever, era preciso ter pelo menos um membro da família trabalhando na área central da cidade e renda familiar de 804 a 4.300 reais mensais. Os inscritos também não podiam ter tido imóvel próprio ou financiado nem ter sido atendido por programa habitacional público.

As unidades que não foram ocupadas serão novamente sorteadas entre as próximas pessoas que estão na lista de reserva.

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