Mendes: presença do crime organizado no processo eleitoral é preocupante
Às vésperas do 2º turno das eleições municipais, a presença do crime organizado no processo político eleitoral ainda é um dos pontos de maior preocupação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Gilmar Mendes.
Para ele, a participação do narcotráfico e das milicias no processo eleitoral é latente. “Nós negligenciamos essa quetão e agora ela está presente. E todo lugar se fala em algum tipo de abuso e da participação do crime organizado no processo eleitoral”, afirma.
Sobre as ocupações nas escolas pelo Brasil (veja mais abaixo), o presidente do TSE afirmou que “é preciso que se tomem providências”. “O protesto não pode levar ao impedimento de prestação de serviços públicos relevantes”, opinou Mendes. “É preciso um diálogo, ou com algum elemento de persuasão mais forte, resolver a questão”, disse também o ministro, sem especificar o que seria o “elemento de persuasão mais forte”.
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Nessa semana, o presidente do senado, Renan Calheiros, propôs a criação de uma CPI para investigar a participação do crime organizado no financiamento de campanhas políticas. A sugestão aconteceu durante a reunião dos chefes dos Três Poderes. A ideia é criar um pacto nacional para a segurança pública. Além de Calheiros, participaram da reunião a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e os ministros da Justiça, Alexandre de Moraes, e da Defesa, Raul Jungmann.
O foco do plano de segurança que o governo planeja será justamente o combate ao crime organizado. “Essa é uma situação que vai além das competências da Justiça Eleitoral, mas demanda a união dos poderás para a solução”
Para Mendes, a inciativa da reunião foi bastante feliz, e deve gerar bons resultados. “A questão é organizar esse processo e ter foco. Uma união entre os Ministérios Públicos estaduais e federais e a Justiça estadual e federal”, explica. “Foi feliz essa reunião, para que de fato essa pauta entre na agenda política”, explica.
Protestos no Paraná
O segundo turno das eleições municipais acontece neste domingo (30) em 57 cidades brasileiras.
Pelo menos 1.100 instituições de ensino estão ocupadas por estudantes, em 19 Estados e no Distrito Federal, de acordo com levantamento da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Além de 1.022 escolas e institutos federais, há 82 universidades ocupadas e quatro Núcleos Regionais de Educação.
Essas ocupações obrigaram a Justiça Eleitoral a mudar o local de votação em oito cidades. As mudanças ocorrem nos Estados do Espírito Santo, Goiás, Pernambuco e Paraná.
No Paraná, onde a situação é mais crítica, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou por unanimidade o envio de Forças Federais para três municípios: Curitiba, Ponta Grossa e Maringá.
Gilmar Mendes afirmou que o TRE-PR está tomando as providências para lidar com a situação, como mudanças de endereços das sessões, mas ele considera a situação perturbadora. “Não só para a Justiça Eleitoral, mas para o eleitor, que já tem o endereço e todas as indicações”, diz.
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