Menina indígena de 12 anos é estuprada e morta por garimpeiros, denuncia líder yanomami
Criança de três anos está desaparecida após cair de barco dos invasores no rio Uraricoera, em Roraima

Uma menina indígena de 12 anos, do povo yanomami, foi estuprada e morta por garimpeiros numa comunidade na região de Waikás, dentro do território que pertence a esta etnia em Roraima. A informação foi divulgada pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que também é uma das lideranças desse povo. Na gravação, Hekurari relata que uma outra menina, de três anos, também estaria desaparecida após cair no rio Uraricoera. Ele ainda diz que pretendia ir à comunidade de Aracaçás para buscar o corpo da vítima e encaminhá-lo ao Instituto Médico Legal (IML) em Boavista. Segundo Hekurari, a Polícia Federal (PF) e o Exército foram informados do crime ainda na noite de segunda (25).
Nesta terça, 26, Hekurari enviou um ofício sobre o caso ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ambos de responsabilidade do Ministério da Saúde, além da Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF). A Jovem Pan procurou as instituições; o MPF respondeu que busca informações junto às instituições competentes para a apuração do caso e que acredita que situações como essa são consequência cada vez mais frequente do garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima”. O Ministério da Saúde informou que “fatos e denúncias de ocorrência de crimes, que chegam ao conhecimento da Sesai, são encaminhados diretamente aos órgãos competentes para investigação”. A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que acompanha o caso por meio de sua unidade descentralizada na região, em articulação com as forças de segurança, e que está à disposição para colaborar com a proteção da comunidade. A Polícia Federal não respondeu até a publicação deste texto, assim como a Secretaria Estadual de Segurança Pública de Roraima. Confira as notas completas da Funai e do MPF.
Funai
A Fundação Nacional do Índio (Funai) acompanha o caso por meio da sua unidade descentralizada na região, em articulação com as forças de segurança, e está à disposição para colaborar com os trabalhos de proteção à comunidade. A Funai realiza atividades permanentes na região por meio das suas Bases de Proteção Etnoambiental (Bapes) localizadas na Terra Indígena Yanomami. A área conta com as Bapes Serra da Estrutura, Walo Pali, Xexena e Ajarani. Todas essas unidades são responsáveis por ações contínuas de proteção, fiscalização e vigilância territorial, além de coibição de ilícitos, controle de acesso, acompanhamento de ações de saúde, entre outros. Por fim, a Funai esclarece que tem atuado continuamente em ações de fiscalização na região em articulação com os órgãos ambientais e de segurança pública. Mais de 1.200 ações de fiscalização em Terras Indígenas foram realizadas nos últimos anos. Essas ações são fundamentais para coibir ilícitos e proteger as comunidades indígenas.
MPF
Conforme informação do MPF em Roraima, o MPF busca junto às instituições competentes a apuração do caso e acredita que situações como essa são consequência cada vez mais frequente do garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima. Como forma de evitar novas tragédias como as que vem ocorrendo, o MPF já acionou a Justiça e se reúne rotineiramente com instituições envolvidas na proteção do território indígena para que se concretizem medidas de combate sistêmico ao garimpo. Entre essas medidas, estão a retomada de operações de fiscalização, construção de bases de proteção etnoambiental e mudanças nos procedimentos adotados por órgãos fiscalizadores. As medidas já solicitadas podem ser vistas aqui.
Conforme vídeo, recebi a informação hoje (25/04) as20h que uma adolescente de 12 anos foi violentada brutalmente por garimpeiros na região do Palimiú e, que uma criança de 4 anos que estava com a mesma caiu do barco em que estavam.Amanhã estarei indo no primeiro horário p/comuni. pic.twitter.com/KOhCuxpXy3
— Júnior Hekurari Yanomami (@JYanomami) April 26, 2022
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