Mesmo sem almejar presidência da sigla, Lula tenta evitar divisão do PT

  • Por Estadão Conteúdo
  • 18/10/2016 07h37
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Lula em ato no Rio de Janeiro EFE/ANTONIO LACERDA Imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - EFE

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou aos dirigentes das principais correntes do PT que não será candidato ao comando da legenda e está pedindo às tendências uma “repactuação” interna para superar a maior crise da história do partido.

Lula não esconde a apreensão com o racha no PT e insiste em que é preciso deixar de lado as disputas entre grupos, fazer uma autocrítica e assumir o papel de oposição “propositiva” ao governo do presidente Michel Temer.

A cúpula petista está preocupada com a possibilidade de prisão de Lula, que é réu na Lava Jato, e com a sobrevivência política do partido. Nos bastidores, dirigentes dizem que o governo Temer teria orientado a Polícia Federal a “aniquilar” o PT para impedir que a legenda volte ao poder em 2018.

Nos últimos dias, Lula se reuniu com dirigentes da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT. Ele também conversou com líderes da Articulação de Esquerda e receberá integrantes da Mensagem ao Partido.

O mandato da atual direção do PT venceria em novembro de 2017, mas, diante do agravamento da crise, será antecipado, provavelmente para abril ou maio. Embora Lula apoie a mudança, apela para o fim do confronto entre as correntes.

Somente neste ano, o PT assistiu ao impeachment de Dilma Rousseff, sofreu a maior derrota eleitoral com a perda da Prefeitura de São Paulo e viu importantes nomes do partido serem presos, como o ex-ministro Antonio Palocci. Dois ex-tesoureiros do PT estão na cadeia.

“Muda PT”

Diante desse quadro, cinco correntes minoritárias do PT decidiram na segunda-feira, 17, em plenária, reforçar o movimento de pressão para trocar a cúpula do partido. Sob o mote “Muda PT”, o grupo resolveu convocar um encontro, nos dias 3 e 4 de dezembro, para debater os rumos da sigla.

“Nós não queremos individualizar a crítica nem estamos dando um ultimato, mas a ideia de que tudo o que sofremos vem do ataque da direita impede um debate crítico”, disse o secretário de Formação do PT, Carlos Árabe. Apesar de parlamentares que compõem o grupo argumentarem, a portas fechadas, que pode ocorrer nova debandada no partido se não houver mudanças de práticas internas, Árabe afirmou estar otimista com as discussões. “Queremos oxigenar o PT”, insistiu.

Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), o comando do partido demonstrou não ter capacidade de conduzir esse debate. “Não se trata mais de ficar numa discussão de maioria e minoria dentro do PT. Precisamos ir para a ofensiva contra os ataques”, afirmou a deputada. “O PT não pode ficar parado.”

Um manifesto do “Muda PT”, aprovado na noite de segunda-feira, 17, pede que a direção convoque “imediatamente” o 6.º Congresso, com o objetivo de discutir uma nova estratégia e um programa, além de eleger novos dirigentes.

O grupo defende a resistência ao governo Temer e até uma aliança para 2018 por meio de uma frente com outras siglas de esquerda e centro-esquerda, como PCdoB e PDT, e com representantes de movimentos sociais. Se essa frente vingar, o PT deve abrir mão de lançar candidato à Presidência e apoiar um nome de outro partido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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