MG: BH tem 2,5 vezes mais contaminados pela Covid-19 que todo o Estado, diz UFMG

  • Por Jovem Pan
  • 23/06/2020 11h27
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Ramon Bitencourt/Estadão Conteúdo O resultado é mais uma prova da baixa testagem para a Covid-19 registrada no Estado de Minas Gerais

A população contaminada pela Covid-19 em Belo Horizonte é 2,5 vezes maior que os registros confirmados de infectados em todo o Estado, aponta pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo se baseia em amostras de esgoto coletadas em 17 pontos da cidade nas duas bacias que cortam o município.

O levantamento da UFMG mostrou que na coleta mais recente, finalizada em 12 de junho, mais de 50 mil pessoas estavam contaminadas pelo coronavírus na cidade. Na mesma data, conforme o boletim diário da Secretaria de Estado de Saúde, o total de infectados em todo o Estado de Minas Gerais era de 20.106 casos.

Na data da coleta, o número de casos confirmados na capital era de 3.028. Nessa comparação, a cidade tinha, conforme o estudo da universidade, quase 17 vezes mais casos que todo o Estado. As amostras foram recolhidas em 8 pontos da bacia do Onça, 7 pontos na bacia do Arrudas e em pontos de entrada das estações de tratamento de esgoto que existem nos dois ribeirões.

De acordo com uma das professoras da UFMG responsáveis pelo estudo, Juliana Calábria, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da universidade, as amostras identificaram material genético do novo coronavírus a partir de fezes e urina da população. “É uma forma de testagem indireta. Se foi encontrado no esgoto, é porque as pessoas estão excretando o novo coronavírus”, explica.

A prefeitura de Belo Horizonte se posicionou, por meio de nota, afirmando que as decisões para o enfrentamento da Covid-19 na capital consideram os dados da Secretaria Municipal de Saúde e destacou as diferenças ente os dados do órgão, que consideram casos confirmados por exame laboratorial, e a pesquisa divulgada.

“A pesquisa da Universidade Federal de Minas traça uma estimativa indireta que inclui os casos assintomáticos, que são mais de 80% dos portadores do coronavírus. A Secretaria Municipal de Saúde destaca que nos pontos de amostragem não se pode separar de maneira clara e objetiva a carga viral decorrente da capital e de Contagem. Por isso, a SMSA sugeriu aos pesquisadores que nas próximas coletas fossem estabelecidos pontos mais definidos”, afirmou o órgão, reconhecendo ainda a importância dos estudos para políticas públicas.

O diagnóstico apresentado pela UFMG é feito utilizando o volume total de esgoto que entra no sistema dividido pelo que cada morador da cidade que contribui para a rede expele individualmente. Esse número relativo a cada habitante é referencial e determinado a partir de estudos laboratoriais. “Assim, dividimos a carga viral que chega nas estações de tratamento de esgoto pela carga viral individual, e alcançamos um bom grau de segurança nas estimativas”, diz o professor Carlos Chernicharo, também responsável pelo estudo.

A diferença entre o número de casos projetados pela coleta das amostras no esgoto e os registrados pela Secretaria de Estado de Saúde ocorre porque os resultados alcançados a partir do trabalho da UFMG captam moradores da cidade assintomáticos para a doença e os que apresentam os sintomas.

Baixa testagem

O resultado é mais uma prova da baixa testagem registrada no Estado. “Todos os países que conseguiram conter minimamente a disseminação do vírus fizeram testagem muito alta, para implementação de medidas de isolamento”, afirma a professora da UFMG.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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