Ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Jr diz que a Lava Jato ‘perde muito’ com a saída de Moro
O jurista, político e professor Miguel Reale Junior, autor do processo de impeachment de Dilma Rousseff, disse, em entrevista exclusiva ao Jornal Jovem Pan nesta quinta-feira (1), que acredita que a operação Lava Jato “perde muito” com a saída de Sérgio Moro. “Fiquei surpreso com a aceitação de Moro [ao convite do presidente eleito Jair Bolsonaro], porque ele tem os processos todos na cabeça, os processos contra o presidente Lula, outros contra Palocci e políticos submetidos à 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba. Perde-se muito porque ele daria sentenças com grande conhecimento de causa”, refletiu.
Reale foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso entre abril e julho de 2002 e, por sua experiência, avalia que Moro pode, sim, fazer bem ao Ministério da Justiça e Segurança. Para ele, tanto a fusão dos dois ministérios quanto a indicação são pontos fortes.
“Ainda não se tem ideia de quais serão os projetos e planos [de Moro]. Acho que é interessante recompor os dois ministérios em um só porque o Ministério da Justiça foi sendo esvaziado ao longo do tempo em assuntos como os Direitos Humanos e Direitos das Mulheres”, disse.
O ex-ministro não deixou de mostrar confiança no juiz, mas ressalta que devemos ficar alerta. “Sem dúvida ele poderá levar sua visão, ele tem um conhecimento de toda a corrupção e da grande corrupção, com esse aparelhamento de Estado, essa corrupção sistêmica. É importante que ele leve essa sua experiência, mas não sei quais serão suas propostas. Não sei como vai ser a aprovação das 10 medidas contra corrupção, tem coisas absurdas ali, tem medidas que são mais para facilitar a vida do Ministério Público do que lutar contra a corrupção“, apontou.
Para ele, o grande foco de Moro deve ser o combate a corrupção. “Ele pode fazer um bom trabalho no campo da repressão e prevenção”, concluiu.
Vale lembrar que Reale criticou duramente Bolsonaro poucos dias antes do segundo turno das eleições. Na ocasião, ele questionou, durante o Jornal da Manhã, “como um homem que não negociou com a sociedade em momento nenhum” poderia governar. “Vai ter que governar sem que se saiba suas propostas”, disse.
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