Minerva reabre frigorífico em MT para ganhar terreno em meio à crise da JBS

  • Por Estadão Conteúdo
  • 13/06/2017 08h59 - Atualizado em 29/06/2017 00h11
BRA111. LAPA (BRASIL), 21/03/2017 - Vista general de la compañía del grupo cárnico JBS Seara en la ciudad de Lapa, estado de Paraná, Brasil, la cual fue inspeccionada por el ministerio de Agricultura de Brasil, Blairo Maggi, hoy martes 21 de marzo de 2017. Según la policía, varias de las principales cárnicas del país, entre ellas JBS y BRF, con la complicidad de fiscales sanitarios corruptos, "maquillaron" con productos químicos carnes que estaban en mal estado y no cumplían con los requisitos para la exportación.EFE/Joédson Alves Joédson Alves/EFE JBS - EFE

Terceiro maior frigorífico do País, o Minerva vai anunciar nesta terça-feira, 13, segundo apurou o “Estado”, a reativação de uma unidade em Mato Grosso. O movimento é uma tentativa da companhia de ganhar terreno frente à crise da rival JBS, deflagrada pela delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Na semana passada, o Minerva já havia fechado a compra, por US$ 300 milhões, dos negócios da JBS no Paraguai, Uruguai e Argentina. 

De acordo com fontes de mercado, executivos do grupo vão se reunir hoje com autoridades do Estado de Mato Grosso para informar a reativação da operação de Mirassol D’ Oeste, parada desde 2015. A unidade vai precisar de alguns reparos e contratações, mas deverá voltar a funcionar nas próximas semanas

O Minerva não é o único rival da JBS a considerar reaberturas de frigoríficos no Centro-Oeste, sobretudo em Mato Grosso, onde se concentra o maior abate de gado no País. Vice-líder no mercado de carnes, o Marfrig também vai avaliar em julho, afirmam fontes, se abrirá a operação de Nova Xavantina, que fazia parte de uma massa falida e está fechada.

JBS, Marfrig e Minerva participaram nos últimos anos de um movimento de concentração do setor. O JBS e o Marfrig tiveram apoio do BNDES para fazer aquisições dentro e fora do Brasil. O Minerva ficou de fora desse boom, mas também fez compras no País e passou a olhar ativos na América do Sul. No fim de 2015, o fundo Salic, da Arábia Saudita, comprou 20% do capital do frigorífico brasileiro, o que possibilitou maior musculatura para a companhia avançar no País. O grupo chegou a anunciar no ano passado a compra de um concorrente, o Frisa, mas a operação não foi adiante.

Crise

A crise no setor de carnes com as delações dos irmãos Batista tem deixado vários pecuaristas, que fecharam contratos para entrega de gado para o JBS, preocupados. Maior frigorífico do País, o JBS é responsável por 20% do abate de gado no Brasil, segundo o pecuarista Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). “Só em Mato Grosso, abatem cerca de 50% do gado”, disse Camargo Neto. 

A turbulência não afeta somente os pecuaristas que entregam gado só para o JBS. Desde as delações, os preços da arroba do boi têm caído fortemente. 

Segundo Luciano Vacari, diretor-executivo da Associação de Criadores do Mato Grosso (Acrimat), os preços do gado recuaram de R$ 130 a arroba do boi para até R$ 115 no Mato Grosso. “Imagina a situação de um produtor de gado que se prepara de 24 a 30 meses antes para engordar o gado para vender para o frigorífico. De repente, tem essa situação”, disse Vacari. A mudança de política do JBS de não pagar mais à vista também afetou os pecuaristas. “Deixei de vender para o grupo”, disse o pecuarista Murilo Abrahão.

Segundo ele, concorrentes não conseguem comprar a totalidade do gado que os pecuaristas deixaram de enviar para o JBS, mas muitos estão olhando oportunidades em Mato Grosso por causa dessa crise. “Não há manobra nem espaço para os frigoríficos concorrentes assumirem todo o vácuo deixado pela JBS nessa crise, mas os concorrentes estão se movimentando neste sentido”, disse. 

Outro lado

Em nota, a JBS informou que padronizou o processo de compra de gado no Brasil, com pagamento no prazo de 30 dias, como já ocorria em 97% das praças onde atuava. “Todas as unidades da empresa seguem operando normalmente”, afirmou a empresa. 

Procurados, porta-vozes do Marfrig e Minerva não foram encontrados para comentar a reativação das unidades.

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