Ministério Público aponta fraude de R$ 68 milhões em empréstimo do BNDES para a JBS

Apurada pela Operação Bullish, denúncia faz parte do montante de quase R$ 2 bi em fraudes no banco

  • Por Jovem Pan
  • 21/08/2019 16h35 - Atualizado em 21/08/2019 16h42
Agência Brasil /Arquivo BNDES

Mais uma denúncia enviada pelo Ministério Público Federal à Justiça no âmbito da Operação Bullish aponta para a prática de gestão fraudulenta em empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à JBS.

A manobra capitaneada pelos irmãos Wesley e Joesley Batista para a compra da empresa de carnes Swift Argentina gerou um prejuízo de R$68 milhões em valores atualizados.

Segundo o MPF, o banco público desrespeitou o limite de crédito que poderia ser emprestado à holding dos irmãos Batista, além de não cobrar os juros devidos. “Essa atitude seguia as ordens do [ex-ministro da Fazenda] Guido Mantega, que recebera propina de Joesley Batista, por intermédio de Victor Sandri, para que a operação de empréstimo ocorresse com todos os benefícios à empresa JBS S.A”, diz a peça.

A ação ainda aponta a participação de dois funcionários do BNDES, Jaldir Lima e Carlos Muller. De acordo com o MPF, ambos tiveram papel no cometimento de crimes como formação de quadrilha e prevaricação financeira.

Todas as denúncias apuradas pela Bullish somam quase R$ 2 bilhões em prejuízos ao BNDES. O Ministério Público pede que o ressarcimento seja do dobro do valor, aproximadamente R$ 4 bilhões.

As investigações revelaram que as irregularidades foram cometidas por quatro núcleos. O empresarial, liderado por Joesley, realizava pedidos acima do necessário para alimentar o próprio esquema. O núcleo político, protagonizado por ex-ministros e pelo ex-presidente do banco, Luciano Coutinho, recebia as propinas após conceder as vantagens à JBS.

O núcleo intermediário, liderado por Victor Sandri, se encarregava de realizar atividades de lobby e de intermediar e receber o dinheiro, a maior parte em contas no exterior. O núcleo técnico, composto por funcionários do BNDES, foi responsável por “justificar tecnicamente” os crimes cometidos contra o sistema financeiro.

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