Ministério Público denuncia 36 da Operação Lava Jato, a maioria ligada a empreiteiras
O procurador Delton Martinazzo Dallagnol durante entrevista coletiva em hotel de Curitiba
Procurador Delton Martinazzo Dallagnol detalha funcionamento da corrupção na PetrobrasO Ministério Público Federal apresentou nesta quinta-feira (11) denúncia contra 36 pessoas envolvidas (veja a lista ao final do texto) no escândalo da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. Os procuradores fizeram questão de enfatizar que as investigações continuam.
Das 36 pessoas, 23* fazem parte de grandes empresas do Brasil: OAS, Camargo Corrêa, UTC, Engevix, Mendes Júnior e Galvão Engenharia.
São 50 denúncias, mas apenas 35 pessoas, uma vez que algumas pessoas receberam mais de uma acusação, como o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Foram identificados 175 atos de corrupção e 105 atos de lavagem de dinheiro.
O Ministério Público procura agora o ressarcimento de “no mínimo” R$1 bilhão desviados – estão tentando o ressarcimento.
O procurador da República, Deltan Dallagnol explicou detalhadamente o funcionamento do escândalo de corrupção. Depois, em breve fala, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot disse: “essas pessoas na verdade roubaram o orgulho dos brasileiros”.
O esquema de corrupção
Deltan detalhou como funcionava o esquema de cartel em um “ambiente fraudado em que existiam cartas marcadas”.
Além disso, as empresas pagaram propinas a agentes públicos. A corrupção se dava também por meio de “aditivos a preços excessivos e desnecessários” aos contratos com a Petrobras.
Foram identificados ainda contratos de fachada entre as empreiteiras e empresas de fachada controladas pelos operadores financeiros.
Operadores financeiros eram os intermediários entre as empreiteiras e os destinatários finais do dinheiro.
Algumas das formas de desvio era em espécie, com remessas para o exterior, ou em bens, como um veículo modelo Land Rover que Youssef doou para Paulo Roberto Costa.
Essa intermediação por meio de Youssef se dava ainda por empresas de fachada. O Ministério Público identificou que três delas não tinham nenhum empregado registrado. Em outras, os serviços nunca foram prestados.
As empreiteiras denunciadas nunca conseguiram comprovar o serviço prestado a essas empresas, que “existiam apenas no papel”.
Em certo momento da fala, Deltan disse que esse se trata de um “imenso e gigantesco esquema criminoso”.
Segundo o MPF, as denúncias se concentram nos contratos da diretoria de Abastecimento da Petrobras, que foram firmados entre 2004 e 2012.
- Alberto Youssef, doleiro
- Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras
- Waldomiro de Oliveira, dono da MO Consultoria
- Carlos Alberto Pereira da Costa, representante formal da GFD Investimentos;
- João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado,
- Enivaldo Quadrado, ex-dono da corretora Bônus Banval;
- Sérgio Cunha Mendes, diretor vice-presidente executivo da Mendes Júnior
- Rogério Cunha de Oliveira, diretor da área de óleo e gás da Mendes Júnior;
- Angelo Alves Mendes, vice-presidente da Mendes Júnior;
- Alberto Elísio Vilaça Gomes;
- José Humberto Cruvinel Resende, da Mendes Júnior;
- Antonio Carlos Fioravante Brasil Pieruccini, advogado;
- Mário Lúcio de Oliveira, diretor de uma agência de viagens que atuava na empresa GDF,
- Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da construtora UTC;
- João de Teive e Argollo; diretor de Novos Negócios na UTC;
- Sandra Raphael Guimarães;
- João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa;
- Dalton Santos Avancini, presidente da Camargo Corrêa;
- Eduardo Hermelino Leite, o “Leitoso”, vice-presidente da Camargo Corrêa;
- Mário Andrade Bonilho, sócio e administrador da empresa Sanko-Sider;
- Jayme Alves de Oliveira Filho;
- Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte;
- José Adelmário Pinheiro Filho, presidente da construtora OAS;
- Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor-presidente da área internacional da OAS;
- Mateus Coutinho de Sá Oliveira, funcionário da OAS em São Paulo;
- José Ricardo Nogueira Breghirolli;
- Fernando Augusto Stremel Andrade, funcionário da OAS;
- João Alberto Lazzari, representante da OAS;
- Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia;
- Carlos Eduardo Strauch Albero, diretor-técnico da Engevix;
- Newton Prado Junior, diretor-técnico da Engevix;
- Luiz Roberto Pereira, ex-diretor da Engevix;
- Erton Medeiros Fonseca, diretor de negócios da Galvão Engenharia;
- Jean Alberto Luscher Castro, diretor presidente da Galvão Engenharia;
- Dario de Queiroz Galvão Filho, da Galvão Engenharia;
- Eduardo de Queiroz Galvão, da Galvão Engenharia.
*Os números foram corrigidos às 7h15 da manhã desta sexta (12), de acordo com retificação do Ministério Público
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