Ministro do Meio Ambiente segue recomendação de Bolsonaro e coloca militares em postos de comando

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2019 16h18 - Atualizado em 20/04/2019 10h03
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José Cruz/Agência Brasil Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles foi alvo nesta manhã de operação da Polícia Federal para investigar exportação de madeira ilegal Medida segue recomendação de Bolsonaro de acabar com "arcabouço ideológico" na área do Meio Ambiente

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, decidiu trocar o comando de áreas-chave do ministério. A diretoria do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (IMCBio) agora estão sob a tutela de oficais das Forças Armadas e da Polícia Militar, medida que segue a recomendação do presidente Bolsonaro para dar fim ao “arcabouço ideológico” no setor.

Na quinta-feira, 18, Salles exonerou o diretor de planejamento do Ibama, Luiz Eduardo Nunes, servidor de carreira do órgão federal. O posto deve ser ocupado por Luis Gustavo Biagioni, recém-aposentado da PM de São Paulo, onde trabalhou na polícia ambiental como major e tenente-coronel.

Na quarta-feira, 17, foi confirmada a indicação do comandante da PM Ambiental de São Paulo, coronel Homero de Giorge Cerqueira, para ser o presidente do ICMBio. Um dia antes, ele nomeara Davi de Souza Silva, também de formação militar, para a regional do Ibama em São Paulo.

Cada troca é informada a Bolsonaro. Já são 12 militares no alto escalão do Ministério do Meio Ambiente.

Na quinta, 18, o presidente voltou a criticar o Ibama e uma multa que o órgão aplicou a índios que produzem soja transgênica em Mato Grosso.

“Multados pelo Ibama em R$ 120 milhões. Já sabem o que vamos fazer com essa multa, né?” disse o presidente, sinalizando que pedirá sua anulação.

Bolsonaro afirmou que o Ibama “é um órgão muito mais aparelhado do que o Ministério da Educação”. Na quarta, ele tinha dito que, “com o Salles, tomamos providências para substituir esse tipo de gente”.

O gabinete do ministro passou a contar com oito militares em cargos comissionados, oficiais que despacham ao lado da sala de Salles. Os cargos envolvem desde a chefia de gabinete até a ouvidoria e comunicação institucional da pasta. Na sede do Ibama, duas diretorias já são comandadas por militares.

As superintendências estaduais do órgão também serão ocupadas por militares. A nomeação de um militar para comandar o Ibama em São Paulo é só a primeira de muitas trocas por vir. Uma fonte do governo disse que Salles e Bolsonaro têm convicção de que há corrupção nos órgãos ligados à pasta. Por isso, querem um “controle mais rígido” das operações, além do afastamento de servidores que atuaram nos governos petistas.

“Eu conversei com o Salles. Ele vai aproveitar oficiais da Polícia Ambiental, que conheceu quando era secretário do Meio Ambiental de São Paulo”, disse o senador Major Olímpio (PSL-SP).

Paralelamente, o governo discute a possibilidade de fusão do Ibama e do ICMBio, o que poderia ocorrer no segundo semestre. Salles evita dar detalhes sobre o assunto, limitando-se a dizer que, “por enquanto”, não haverá a integração. O Ibama fiscaliza e protege o meio ambiente e licencia empreendimentos, enquanto o ICMBio atua nas unidades de conservação ambiental.

Crise

Salles está no centro de uma crise. Na semana passada, mandou o presidente do Ibama rever parecer do órgão para autorizar o leilão de poços de petróleo ao lado de Abrolhos.

Nesta semana, servidores divulgaram uma carta acusando o ministro de promover a “destruição da gestão ambiental”. O estopim foram as declarações feitas por ele em um evento no Rio Grande do Sul. Salles pediu punição a funcionários do ICMBio porque estes não compareceram ao encontro. Eles dizem que não foram convidados. A situação levou o presidente do ICMBio, Adalberto Eberhard, a pedir exoneração.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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