Ministro do STF critica Câmara: “a Constituição precisa ser mais amada”

  • Por Jovem Pan
  • 03/07/2015 09h34
José Cruz/ABr Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã da Jovem Pan nesta sexta-feira (03), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, diz considerar a atuação da Câmara dos Deputados irregular ao aprovar, na madrugada de quinta-feira (02), o Projeto de Emenda Constitucional que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos no caso de crimes hediondos. “A constituição precisa ser mais amada pelos brasileiros especialmente por aqueles que ocupam os cargos públicos”, dispara.

O ministro explica que um tema rejeitado só pode ser reapresentado na sessão legislativa seguinte, o que não foi o caso, e diz que a retomada da votação, que havia obtido resultado negativo na noite de terça-feira (30), foi feita a partir de um “sutil jogo de palavras”. “É o famoso jeitinho brasileiro, é a potencialização do objetivo em detrimento do meio”, classifica.

No entanto, Mello não concorda com o argumento de que a maioridade penal seja uma cláusula pétrea na Constituição Federal. “Creio que não podemos dar esse diapasão maior ao instituto da cláusula pétrea senão daqui a pouco não mexemos na constituição federal, e ela já foi alterada até aqui, parecendo até um periódico, 94 vezes em 26 anos”. O ministro também ressalta que a discussão ainda não foi finalizada: “quem sabe até possamos corrigir o erro no próprio Congresso na atuação da segunda Casa, que é o Senado”.

Respondendo à aprovação da Câmara, a Ordem dos Advogados do Brasil, o governo e um grupo de deputados vão ao STF para pedir anulação da decisão.

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