Monitor da Odebrecht vê nova cultura como essencial para “limpeza”: “só o compliance não é suficiente”

  • Por Amanda Garcia/Jovem Pan
  • 18/08/2017 08h21 - Atualizado em 18/08/2017 09h26
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FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO Otávio Yazbek tem a responsabilidade de monitorar as práticas de compliance da Odebrecht

Otavio Yazbek foi um dos dois escolhidos pelo MPF e o Departamento de Justiça dos EUA para monitorar as novas práticas de compliance e anticorrupção da Odebrecht. Em entrevista exclusiva para a Jovem Pan Online, o advogado, responsável por ditar os novos processos da empresa, vê “diversos desafios” para concluir sua função.

“Trata-se de uma empresa familiar, no caso também de uma empresa que operava em um setor problemático e que desde sempre adotou práticas problemáticas, mas que por todas essas características era muito avessa aos controles internos e compliance, tinha uma fragmentação muito grande dos processos de decisão”, avaliou, segundo o diagnóstico que já traçou.

Os próximos passos, portanto, são diversos: “envolve unificar as linguagens que gente de setores diversos da empresa falam, criar mecanismos que sejam aplicáveis para todos aqueles setores, envolve criar a centralização de determinadas funções, como as de tesouraria”.

Mas tudo isso evita qualquer tipo de problema futuro? Para ele, depende. “O que precisa ter a Odebrecht não é apenas um programa de compliance adequado, mas também uma significativa mudança cultural”, explicou.

“Só o compliance não é suficiente”, completou. Isso porque, segundo Yazbek, a lição que a Odebrecht deixa é a de que “eu posso ter o melhor plano de compliance do mundo, mas ele pode sempre ser colocado de lado, afastado, quando na intenção de prática de alguma irregularidade”.

Ambiente cultural adequado

A peça chave, embora não possa revelar muito do que encontrou na Odebrecht, fica evidenciada: “é importante criar também um ambiente cultural adequado, criar mensagens que sejam transmitidas da alta administração para todos os níveis da empresa, criar possibilidade de ter denúncias de práticas irregulares, criar um certo orgulho para as pessoas trabalharem em uma empresa que não tem aquele tipo de problema”.

Futuro da Odebrecht

O monitor é cauteloso ao avaliar o que o futuro aguarda para a Odebrecht. Ele reforça que seu trabalho envolve aplicar a nova cultura e verificar todos os processos para que não caiam nos problemas do passado.

Yazbek admite que isso pdoe significar que a empresa passe a ser “menor, quantitativamente diferente”, mas que, do ponto de vista de compliance e anticorrupção, bem sucedida. Ele faz questão de afirmar, no entanto, que qualquer perspectiva de negócios futuros foge de seu escopo: “não posso dizer”.

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