Moraes autoriza acesso da PF à investigação do Facebook que removeu contas bolsonaristas
O pedido do ministro do STF corre em sigilo em dois inquéritos: o das fake news e o dos atos antidemocráticos
Alexandre de Moraes autorizou, nesta quarta-feira (15), o acesso da Polícia Federal à investigação do Facebook que acabou removendo, em 8 de julho, uma rede de mais de 70 páginas e perfis falsos ligados ao PSL, à família Bolsonaro e a deputados estaduais do Rio de Janeiro, como Alana Passos e Anderson Moraes. Segundo comunicado da empresa, foram identificadas 35 contas, 14 páginas, 1 grupo e outras 38 contas no Instagram. De acordo com o jornal Estadão, o pedido do ministro do STF corre em sigilo em dois inquéritos: o das fake news e o dos atos antidemocráticos.
A investigação do Facebook não atingiu apenas o Brasil. Países como Ucrânia, Estados Unidos, Canadá, Equador e Venezuela também tiveram contas falsas removidas. No Brasil, a rede social alega que encontrou as atividades a partir de uma investigação interna sobre “suspeitas de comportamento inautêntico coordenado, relatado pela imprensa e em depoimentos recentes no Congresso brasileiro”.
“Embora as pessoas por trás dessa atividade tenham tentado ocultar suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou links para indivíduos associados ao Partido Social Liberal e a alguns dos funcionários dos escritórios de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flavio Bolsonaro e Jair Bolsonaro“, diz o comunicado.
O Facebook afirmou que as páginas derrubadas no Brasil tinham “postagens relacionadas à política” e faziam críticas a veículos de imprensa, jornalistas e partidos de oposição. A rede social classificou o posicionamento como “discurso de ódio”. “Mais recentemente, publicaram sobre a pandemia de coronavírus. Parte do conteúdo publicado por esta rede já havia sido retirado por violações dos Padrões da Comunidade.”
A investigação também mensurou o alcance das páginas e do grupo que disseminavam informações falsas no Facebook e Instagram. “Cerca de 883.000 contas seguiram uma ou mais dessas páginas [no Facebook], cerca de 350 contas ingressaram neste grupo e cerca de 917.000 pessoas seguiram uma ou mais dessas contas do Instagram.” Segundo a empresa, cerca de 8 mil reais (US $ 1.500) foram gastos em anúncios.
Uma das páginas do Facebook que foram derrubadas chamava-se “Bolsonaro News” – uma das postagens mostrava uma reportagem da Rede Globo com o título “Globo inventando morte por coronavírus”. Outra página informava que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro havia sido “cancelado da internet”. Um perfil do Instagram, incluído como exemplo pela rede social no comunicado, falava sobre “doutrina comunista” em uma charge.
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