Moro defende criação de mais vagas em presídios após reuniões com atuais ministros
O futuro ministro da Justiça Sergio Moro afirmou nesta quinta-feira (8) que é necessário criar mais vagas em presídios e também admitiu que pode ser necessário “criar um filtro melhor” em relação a prisões diante da superlotação. O juiz defendeu ainda o endurecimento de regras que impedem a saída rápida de autores de crimes violentos e disse mais uma vez que vai aproveitar parte das dez medidas contra a corrupção.
Moro esteve com o atual ministro da Justiça, Torquato Jardim, e já havia encontrado na quarta (7) o chefe da pasta de Segurança Pública, Raul Jungmann. Em breve contato com a imprensa, afirmou estar “refletindo sobre a questão carcerária”, tema não abordado pelo programa de governo de Jair Bolsonaro (PSL).
“Evidentemente, a questão carcerária é um problema. Nós estamos refletindo sobre ela da forma mais apropriada. É necessário criar vagas. É necessário eventualmente ter um filtro melhor”, disse Moro. O Brasil tem 726 mil presos, mais que o dobro da capacidade penitenciária e a terceira maior população carcerária do mundo.
Filtro para desencarceramento
Um dos temas da reunião com Jungmann, na quarta, foi a necessidade de adotar medidas para que haja desencarceramento. Moro tem repetido que o Brasil “prende muito e mal”. Em um aceno ao discurso do atual ministro e de especialistas em sistema prisional, afirmou que “é necessário eventualmente ter um filtro melhor”.
O juiz declarou, entretanto, que muitas vezes há um “tratamento leniente para crimes praticados com extrema gravidade.” Contra isso, defendeu endurecimento em relação à progressão penal a casos como “homicídio qualificado”. Esta é uma das convergências de pensamento com o presidente eleito.
Medidas contra a corrupção
Com “carta branca” para combater a corrupção, Moro disse que já há várias medidas e planos em gestação sobre o tema. “Algumas das propostas [das dez medidas] serão resgatadas e algumas talvez não sejam tão pertinentes agora quanto no passado e novas devam ser inseridas.” As medidas foram apresentadas como projeto popular ao Congresso.
Sobre quando assumir a pasta, que deve fundir os ministérios da Justiça e da Segurança Pública, o futuro ministro disse que pretende propor medidas fortes e simples para serem aprovadas em tempo breve, dentro dos dois pontos basilares de sua futura gestão, o combate à corrupção e ao crime organizado.
Formação de ministério está em discussão
Durante a manhã, Moro ainda se reuniu com o ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni (DEM), para discutir a formação de sua pasta. “Diversas reuniões, diversos assuntos complexos [foram debatidos]. Vou ficar devendo mais detalhes”, disse à imprensa após almoçar picadinho de carne, arroz branco e polenta cremosa com molho de tomate.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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