Moro diz que vazamentos são ‘ataques orquestrados’ para impedir avanços da Lava Jato
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, participou do quadro “Dois Dedos de Prosa” no “Programa do Ratinho”, do SBT, na noite desta terça-feira (18). Em uma extensa entrevista ao apresentador, o ex-juiz federal falou sobre algumas medidas recentes da pasta e também comentou as reportagens do site “The Intercept” que têm divulgado supostas conversas entre ele e procuradores da Operação Lava Jato.
“Acho que todos nós devemos nos preocupar. É um ataque às instituições. Não só eu fui vítima, mas procuradores da Lava Jato, jornalistas, até parlamentares. Foi um ataque orquestrado. Na minha opinião, a Polícia Federal está investigando, mas na minha opinião não é um adolescente na frente de um computador fazendo estripulias, mas grupos criminosos organizados cujo objetivo é ser obstáculo a avanços da operação Lava Jato. Minhas mensagens, não posso nem confirmar, não tenho mais. Mas tenho confiança de que sempre agi com lisura dentro da profissão”, disse.
Questionado sobre o suposto envolvimento de movimentos ou políticos de esquerda nesses vazamentos, o ministro minimizou. “O que vi é que começaram a disseminar coisas para despistar, passar a tese do adolescente irresponsável ou de um procurador que teria traído os demais. Não é. Recebi ligações do meu próprio número, invadiram meu perfil no Telegram. Existe, sim, um grupo criminoso organizado para atuar como obstáculo a investigações. O objetivo é muito grave, além de ser um ataque às instituições”, reafirmou.
Outro tema da conversa foi o Pacote Anticrime apresentado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Moro explicou que a demora na análise do projeto no Congresso acontece por conta de uma “prioridade nacional” que é a reforma da Previdência.
“Nessa questão de lei, precisa de debate, conversa, convencimento. Tem muitos parlamentares que têm nos dado apoio. Existe a ideia de tão logo resolver a Previdência, dar um salto ao projeto anticrime. Ele não resolve problemas, mas facilita. O governo quer ser uma liderança junto ao Congresso para uma mudança de patamar da criminalidade no Brasil. Temos que mudar o quadro. Embora haja divergência, tem que endurecer o combate à corrupção, ao crime organizado e ao crime violento”, declarou.
Moro ainda citou dados oficiais que, segundo ele, mostram uma expressiva redução na criminalidade no País. De acordo com ele, por exemplo, houve queda de 26% nos homicídios no início deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. O mesmo teria acontecido com outras tipificações de crimes.
“Isso se deve a um discurso mais rigoroso e menos leniente, à valorização do policial… Policial já foi tratado como bandido! Claro, tem desvios éticos como em toda profissão. Mas o discurso de valorização funciona como estímulo. Há uma dedicação maior no dia a dia e isso tem impacto na criminalidade (…). Há percepção nas pessoas de que estamos no caminho certo. Estamos nos dedicando, estamos trabalhando e vamos continuar. Mesmo com reações criminosas contra nosso trabalho. Isso eu posso assegurar.”
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