Moro e Dallagnol pedem reformas abrangentes no combate à corrupção e engajamento político
O procurador da República Deltan Dallagnol e o juiz federal Sérgio Moro defenderam nesta terça-feira (24) engajamento dos cidadãos e reformas abrangentes no sistema político como métodos de combate à corrupção. Os dois deram as declarações durante evento promovido pelo jornal O Estado de S.Paulo na capital paulista, que discute paralelos entre a Operação Lava Jato e a Operação Mãos Limpas, realizada na Itália nos anos 1990.
O seminário começou com a participação de dois magistrados que atuaram nas investigações no país europeu. Piercamillo Davigo e Gherardo Colombo fizeram advertências sobre como o processo italiano, que começou com a perspectiva de moralizar a política do país e combater a máfia, terminou com resultados decepcionantes.
Logo depois, entrou em cena o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol. O procurador da República falou que “entidades respeitadas da sociedade civil” estão articulando uma campanha anti-corrupção para o ano que vem. O integrante do Ministério Público disse que elas devem apresentar um projeto de lei que incorpore alguns aspectos das antigas Dez Medidas Contra a Corrupção, que eram apoiadas pelo MPF.
Deltan Dallagnol afirmou que a ideia passa agora por apoiar candidatos nas próximas eleições que se alinhem com essas ideias: “a estratégia agora não é mais coletar assinaturas, mas sim escolhermos senadores e deputados que tenham passado limpo, espírito democrático, e que apoiam esse pacote anti-corrupção. A ideia é fazer do endosso a esse pacote um critério indispensável para o voto que o cidadão vai conjugar com outros critérios”.
Sérgio Moro, por sua vez, afirmou que não se resolve o problema da corrupção em um país somente com processos judiciais e que são necessárias reformas para diminuir oportunidades à corrupção. O juiz da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba ressaltou que se manifesta como um cidadão e não como um político. “Eu não quero assumir essa posição como uma bandeira política. O que eu vi nos casos da Petrobras é que foi utilizado o loteamento político de cargos e não se vê movimentos para alterar esse quadro”, finalizou.
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