Morte de Marielle servirá para unir setores contra a violência, diz Giannazi

  • Por Thiago Navarro/Jovem Pan
  • 15/03/2018 15h27
Roberto Navarro/Divulgação/ALESP "O PSOL incomoda", diz o deputado estadual. "Por isso ela (Marielle) foi morta e muitas outras pessoas do PSOL são perseguidas".

Uma das principais lideranças do PSOL, o deputado estadual paulista Carlos Giannazi disse nesta quinta-feira (15) que o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco ajudará os “setores mais progressistas e críticos” a se unirem em torno de uma pauta comum contra a violência, formando “alguns consensos”.

“A morte dela serve para unificar alguns setores importantes e estratégicos que lutam contra a violência, mas que atacam a causa da violência”, afirmou o deputado em entrevista exclusiva à Jovem Pan.

Ele ressaltou, no entanto, que “do ponto de vista partidário é difícil a unificação”. “Nós pensamos muito do ponto de vista dos movimentos sociais, da sociedade civil mais organizada, mais crítica. É esse o movimento que vai pressionar o poder público nessa área de segurança”, projeta.

“Não adianta ter intervenção militar nas favelas no Rio sem que haja uma intervenção do Estado lá, do estado de bem estar social”, disse o deputado. “As favelas precisam de saúde, educação pública, equipamentos de cultura, assistência social, de geração de emprego, de renda, saneamento básico. Essa questão vai ajudar muito no combate à violência”, afirmou Giannazi.

O deputado conversou com várias lideranças do PSOL e disse que a sigla exigirá uma “apuração rigorosa do que aconteceu” e a “investigação da Polícia Federal”, que já foi pré-anunciada pelo presidente Michel Temer.

“O PSOL é um partido que incomoda, porque nós colocamos o dedo na ferida, vamos fundo e denunciamos as causas das desigualdades sociais, econômicas e políticas, as causas reais da violência, e isso incomoda muitos grupos, e por isso ela foi morta e muitas outras pessoas do PSOL são perseguidas”, declarou o deputado paulista, citando seu colega Marcelo Freixo, deputado estadual no Rio, que “há 10 anos é jurado de morte”.  Freixo também falou com exclusividade à Jovem Pan nesta quinta-feira (15) e disse: “perdi uma grande amiga”.

Giannazi, que não conhecia pessoalmente Marielle, exaltou o seu trabalho em prol dos direitos humanos. “Ela vinha desenvolvendo um grande trabalho, mas incomodando bastante as milícias, a banda podre da polícia do Rio de Janeiro, setores do crime organizado, e eu tenho certeza que ela foi vítima desses grupos”.

“Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Ela foi vítima do crime organizado e a intervenção no Rio de Janeiro não ataca exatamente esses grupos. É uma ação extremamente midiática que não ataca as causas da violência. Não há inteligência policial nessa intervenção”, disse Giannazi, defendendo investimentos no setor de inteligência da polícia para desmantelar as milícias.

O deputado paulista rebateu o discurso que aflora nas redes sociais de que o “PSOL defende bandidos” e “sofreu da mesma moeda”. Giannazi defende o debate com esse setor, que diz ser “dominado ideologicamente por um pensamento que leva a essa direção”.

“É importante debater com esse setor, explicando que tem que entender a real causa da violência. O que nossa querida vereadora fazia era atacar as causas da violência. Ela não ficava na superfície”, declarou.

Ouça a entrevista completa:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.