Moura diz que base foi orientada a votar contra emenda que anistia caixa 2

  • Por Estadão Conteúdo
  • 28/11/2016 21h44

"Recesso branco" terá quase 20 dias e começará a partir da sexta-feira (15) Divulgação/Câmara André Moura (PSC-SE) - Câmara

O líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), afirmou nesta segunda-feira, 28, que a orientação do Planalto aos partidos aliados é de votar contra a emenda que pode anistiar o caixa 2, caso seja apresentada durante a apreciação do pacote das dez medidas anticorrupção, prevista para ocorrer amanhã no plenário.

“A orientação é apenas em relação ao caixa 2”, ponderou Moura. Até a semana passada, antes da polêmica envolvendo Temer e os ex-ministros Marcelo Calero (Turismo) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), o presidente assegurava que não iria interferir na votação das medidas anticorrupção, apesar de a base estar articulando há meses mudanças na proposta nos bastidores, entre elas o perdão aos crimes de caixa 2 cometidos até a data de promulgação da lei.

Moura tentou negar que tenha havido qualquer articulação a favor da anistia no plenário da Casa ou na comissão especial. “Desconheço uma emenda que tenha sido apresentada nesse sentido (…) mas a base não vai apoiar qualquer tipo de proposta nesse sentido por incentivo do presidente Temer”, declarou Moura. Ele reforçou que, caso a emenda seja incluída na proposta, Temer já se comprometeu a vetá-la antes da sanção presidencial.

Questionado sobre a emenda que propõe crime de responsabilidade para membros do Judiciário e do Ministério Público, Moura afirmou que o Planalto não vai se envolver. “Nesse caso cada um deve votar como entender ser o melhor para o País”, respondeu o líder do governo. 

Pauta 

Na falta de um substituto para o cargo de Geddel, Moura esteve reunido na tarde desta segunda com o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e com assessores da Secretaria de Governo para definir a pauta da semana na Câmara. Apesar de elogiá-lo na condução da pasta, Moura afirmou que a saída de Geddel não vai interferir a aprovação das matérias consideradas importantes para o Planalto. 

De acordo com Moura, Temer não estipulou um prazo para encontrar um nome para substituir Geddel e fará isso “no tempo que entender necessário”. Enquanto isso, a pauta será comandada por assessores. “Vamos ter que dar continuidade aos trabalhos. Isso (saída de Geddel) em nada altera o nosso ritmo e o nosso planejamento. Vamos continuar com o mesmo compromisso para a retomada do crescimento econômico. 

Impeachment 

Sobre os pedido de afastamento de Temer feitos hoje pela oposição, Moura disse que os partidos “querem publicidade”. Para ele, o presidente não cometeu nenhuma irregularidade ao se posicionar em relação ao conflito entre os ex-ministros Calero e Geddel.

Ao saber que Geddel estava pressionando Calero para atender um interesse pessoal seu, Temer disse a Calero para encaminhar a questão à Advogacia-Geral da União (AGU). “Eles (oposição) sabem que não se pode acatar um problema que não existe. Temer deu encaminhamento correto para a AGU (…) O presidente em nenhum momento orientou que a AGU encaminhasse de maneira A ou B. A oposição protocola (pedidos de afastamento) sabendo que não tem como prosperar, mas para chamar atenção”, declarou. Segundo ele, Temer está tranquilo e consciente. 

A oposição alega que não caberia ao presidente Temer encaminhar a questão à AGU, já que se tratava de um interesse pessoal de Geddel, e não de conflito entre ministérios ou entidades diferentes. “Estamos preparados para não deixar que esse assunto se sobreponha aos interesses econômicos. Essa é uma tentativa de tumultuar, não houve crime em hipótese alguma”, rebateu Moura.

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