MPF denuncia ex-governador Sérgio Cabral pela 21ª vez na Lava Jato

  • Por Jovem Pan
  • 30/01/2018 09h36 - Atualizado em 30/01/2018 12h05
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Secretaria de Administração Penitenciária Secretaria de Administração Penitenciária Transferido recentemente para Curitiba após receber privilégios na prisão no Rio, Cabral já foi denunciado duas vezes apenas em 2018

Apontado como chefe de organização criminosa, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi denunciado pela 21ª vez no âmbito de investigações da Lava Jato. A denúncia será analisada pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas. Caso aceita, Cabral se torna réu em um novo processo.

A denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) é um desdobramento da Operação Calicute aponta mais de 200 atos de lavagem de dinheiro do ex-governador.

Entre eles, haveria 165 atos, entre 2007 e 2014, que transferiram R$ 6,8 milhões de contas de empresas do Grupo Dirija para a companhia Gralc Consultoria (LRG Agropecuária).

Outro R$ 1 milhão teria sido transferido do Grupo Dirija para o nome da empresa Falci Castro Advogados e Consultoria, em 39 ações identificadas.

Mais R$ 157 mil teriam sido lavados em transferência do mesmo Grupo Dirija para a empresa SFB Apoio Administrativo, em oito atos de lavagem de dinheiro.

Um último ato de lavagem teria se dado com a venda da Gran Barra Empreendimentos e Participações S/A para Ary Filho.

Cabral é apontado como líder de uma organização criminosa que contava com quatro núcleos: núcleo econômico (formado por empreiteiras cartelizadas com contratos com o governo), núcleo administrativo (com gestores públicos do Estado), núcleo financeiro (composto pelos responsáveis pelo recebimento e repasse de propinas) e núcleo político, formado pelo próprio ex-governador.

Além de Cabral, outras seis pessoas foram denunciadas pelo MPF: Ary Ferreira da Costa Filho, agente fazendário apontado como operador de Cabral, conhecido como “Sombra”; Sérgio Castro de Oliveira, o “Serjão”, ex-assessor de Cabral e também apontado como operador financeiro do esquema de corrupção; Gladys Silva Falci de Castro Oliveira, sócia da Falci Castro Advogados; Sonia Ferreira Batista, ex-secretária de Cabral; Jaime Luiz Martins e João do Carmo Monteiro Martins, controladores do grupo Dirija e delatores.

O Grupo Dirija, que participa de boa parte dos atos de lavagem apontados nesta denúncia, reúne diversas concessionárias fluminenses.

Segundo o Ministério Público Federal, “as empresas Gralc Consultoria (LRG Agropecuária), SFB Apoio Administrativo e Falci Castro Advogados e Consultoria nunca prestaram nenhum serviço para o Grupo Dirija”.

“Na sistemática estabelecida, que se estendeu de 2007 a 2014, Ary Filho realizava a entrega periódica para os representantes do grupo Dirija de dinheiro em espécie e notas fiscais emitidas pelas empresas Gralc Consultoria (LRG Agropecuária), de Carlos Miranda, SFB Apoio administrativo, de Sonia Ferreira Batista, e Falci Castro Advogados e Consultoria, de Sérgio de Castro Oliveira e Gladys Silva Falci de Castro Oliveira, e, em seguida solicitava que João do Carmo e seu filho Jaime Luiz fizessem a transferência bancária dos recursos para as referidas empresas como se estivessem fazendo pagamento por prestação de serviços, que na realidade não existiam”, dizem os procuradores.

Em casos semelhantes, o MPF já havia apontado que o ex-governador utilizava empresas amigas para fazer contratos fictícios e lavar dinheiro sujo.

Em outubro do ano passado, a defesa de Sérgio Cabral tentou afastar Marcelo Bretas da condução dos casos da Operção Calicute, mas o pedido foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

Ao jornal O Globo, o advogado de Cabral, Rodrigo Roca, afirmou que “a denúncia recicla material usado em outros processos para chegar ao ex-governador baseada exclusivamente em artifícios teóricos e nas palavras de delatores”. Ele também não vê “um só indício” da participação dos ex-governador nos fatos investigados.

Penas somadas

Com as penas somadas contra Cabral nas ações que investigam atos corrupção na administração pública fluminense, o ex-governador já soma 87 anos de prisão. São três condenações impostas pelo juiz da Lava Jato no Rio, Marcelo Bretas, e uma aplicada pelo magistrado da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro.

Preso há um ano e dois meses, Cabral foi transferido no último dia 18 de janeiro para Curitiba (PR). Procuradores identificaram benesses concedidas ao ex-governador na prisão do Rio, como entrada de comidas especiais e instalação de uma sala de cinema.

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