MST dá início ao ‘Abril Vermelho’ com invasão de fazendas e sedes do Incra

Movimento social promete realização de marchas e vigílias nos próximos dias pelo país; grupo reivindica “acesso à terra” e a realização de uma reforma agrária de áreas consideradas improdutivas

  • Por Jovem Pan
  • 17/04/2023 17h41 - Atualizado em 17/04/2023 21h29
Reprodução/MST/Maria José e Elias Miguel MST Grupo de trabalhadores do MST durante ocupação à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Belo Horizonte

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deu início nesta segunda-feira, 17, a uma série de ações pelo país com o intuito de reivindicar a realização de uma reforma agrária no país. Através de marchas, ocupações e vigílias, o grupo invadiu ao menos nove fazendas – sendo oito delas no estado de Pernambuco, consideradas latifúndios improdutivos pelo movimento – e sete sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Minas Gerais, Alagoas, Santa Catarina, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Chamado de Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, o grupo promete a realização de marchas e vigílias nas cinco regiões do país num intuito de “reafirmar o compromisso da luta contra a fome, trazendo para o centro da luta política a questão do acesso à terra”. Através de publicação no site oficial do grupo, o diretor nacional do movimento, Ceres Hadich, afirmou que o Brasil é o “país do latifúndio, com maior índice de concentração de terras” e declarou que a reforma agrária é uma “dívida histórica com os povos do campo”. Ao explicar as invasões às sedes do Incra, Hadich explicou que busca uma sinalização do governo de que o Planalto irá atender as demandas das famílias acampadas. “Queremos que o Ministério do Desenvolvimento Agrário apresente medidas concretas e um cronograma de ações para os quatro anos”, disse.

Numa das invasões, um grupo de 660 famílias ocupou uma área pertencente à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em nota, o órgão informou que as terras integram um programa chamado Embrapa Semiárido e que estas têm sido utilizados para pesquisas de material genético, ressaltou que as terras são “patrimônio do governo brasileiro” e afirmou que o órgão já passou a adotar as medidas cabíveis para solucionar a situação. “Neste momento, a invasão à área da Embrapa já está trazendo danos à condução de seus trabalhos e ao planejamento da execução de projetos e ações de pesquisa, que incluem parceiros com quem temos estabelecido avanços de cooperação que repercutirão em resultados de alto potencial de adoção junto aos produtores do Semiárido”, diz trecho do posicionamento. Já no Espírito Santo, cerca de 200 famílias invadiram uma área na cidade de Aracruz. Além das invasões no Incra, o grupo também protestou na entrada da Assembleia Legislativa da Bahia com um contingente de 400 pessoas. Já na capital mineira, o grupo exigiu a demissão do superintendente Batmaisterson Schmidt, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o MST, 100 mil famílias vivem em acampamentos no Brasil sendo algumas destas com mais de 10 anos nesta situação. “O governo pode resolver essa situação com maior celeridade”, cobrou o dirigente.

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