Mutirão de vacinação contra a febre amarela é antecipado em mais quatro dias
O governador de São Paulo Geraldo Alckmin anunciou nesta quinta (18) a antecipação em mais 4 dias, do mutirão da vacinação contra a Febre Amarela. Os paulistas enfrentam longas filas para tomar a vacina em diversas cidades do interior e na maioria dos postos da capital.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, Alckmin explicou que a campanha começa em 25 de janeiro, próxima quinta-feira e feriado de aniversário da capital São Paulo. Oito milhões de pessoas da chamada zona de risco deverão ser vacinadas. O governador disse que quer “em alguns meses toda a população do Estado de São Paulo vacinada”
Num esforço conjunto entre Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde, o Mutirão da Vacina da Febre Amarela foi antecipado em mais 4 dias, com início na próxima 5a-feira, dia 25 de janeiro. Ao todo, 8 milhões de pessoas da chamada zona de risco deverão ser vacinadas. Finalizado o mutirão, o trabalho avança para que em alguns meses toda a população do Estado de São Paulo esteja vacinada.
Publicado por Geraldo Alckmin em Quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
O medo da febre amarela está fazendo com que algumas pessoas andem quilômetros e atravessem cidades em busca de uma fila menor para a vacina. Apesar disso, as autoridades seguem dizendo que não há necessidade para “pânico”.
Contágios fora da “área de risco”
No Estado de São Paulo, três em cada quatro casos confirmados de febre amarela ocorreram em cidades consideradas pelo Ministério da Saúde sem risco para a doença. Boletim epidemiológico mais recente da Secretaria Estadual da Saúde paulista mostra que dos 40 registros da doença confirmados entre janeiro de 2017 até agora, 31 aconteceram em áreas sem recomendação permanente de vacina.
São definidas como regiões com recomendação aquelas em que há risco de circulação do vírus. Nesses casos, devem se vacinar todos os moradores e viajantes que planejam visitar esses locais. Desde 2000, 445 dos 645 municípios paulistas, todos no interior, estão nesse grupo. As áreas mais populosas do Estado, no entanto, como as regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo, não estavam nessa lista, mas foram as que registraram o maior número de casos no recente avanço da doença. Na terça-feira, 16, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que todo o Estado seja considerado de risco.
Foram também nas regiões sem recomendação de vacina em que o Estado registrou, já há quatro meses, o aumento expressivo de casos de macacos mortos pela doença, dado que já indicava o avanço do vírus para áreas antes consideradas livres dele. O número de animais doentes, que entre julho de 2016 e junho de 2017 foi de 187, saltou para 508 no mesmo período de 2017/2018.
“O que tem acontecido, já desde 2003, é um deslocamento da febre amarela cada vez mais à direita no mapa paulista, cada vez mais perto do litoral. Então acho que, de um modo geral, o Brasil deu uma cochilada”, comenta Celso Granato, professor de Infectologia da Unifesp.
Pedro Luiz Tauil, do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB), lembra que ainda não se sabe as causas da atual expansão da doença e diz que as campanhas estão se guiando por esse processo do vírus. “Ninguém vai propor vacinação onde não havia recomendação porque não tem vacina para todo mundo.”
Questionada sobre suposta falha na definição de áreas de risco, a Secretaria Estadual da Saúde informou que, desde o ano passado, passou a oferecer a vacina em 77 municípios, além dos considerados de risco. “Quem define a área de recomendação é o Ministério da Saúde. Mas estamos promovendo vacinação nos municípios que registraram casos de macacos mortos pela doença”, disse Regiane de Paula, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da secretaria.
Falha na distribuição
Um estudo da Fundação Getúlio Vargas apresentado pela Jovem Pan nesta quarta (17) apontou que um planejamento falho em ações preventivas e a demora no repasse de recursos aos Estados no ano passado podem ter impulsionado o avanço da febre amarela no Brasil.
De acordo com a pesquisa “Febre Amarela – um Estudo de Caso”, a execução orçamentária do Ministério da Saúde para vigilância epidemiológica entre janeiro e março de 2017 caiu para R$ 436,2 milhões, ante R$ 530 milhões no mesmo período de 2016.
Se não bastasse, ainda de acordo com o estudo da FGV, esses recursos foram mal distribuídos, sem o foco necessário nas cidades mais afetadas pelo vírus. O levantamento não aponta culpados, mas indica que houve falta de coordenação para garantir que as vacinas chegassem a quem mais precisa. As áreas rurais do País, mais propensas ao risco de contágio da febre amarela silvestre, foram negligenciadas.
O governo federal nega falhas.
Com informações complementares de Estadão Conteúdo
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