Na Casa Civil, Jaques Wagner tenta se descolar da imagem de lulista
O novo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (PT), busca combater a avaliação geral de que é um interventor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo da presidente Dilma Rousseff. Em conversas com auxiliares, ele tem demonstrado “incômodo” com a construção da sua imagem apenas como lulista.
Na quarta-feira, 7, Wagner assume o lugar de Aloizio Mercadante, que volta para a o Ministério da Educação após 20 meses no comando da Casa Civil. Nesse período, ele se consolidou como “fiel escudeiro” da presidente, mas não conseguiu manter uma boa relação com o Congresso.
Wagner tem dito a auxiliares que pretende ser “um construtor de pontes” não só entre o governo e o Congresso, mas também entre as diferentes alas do PT. O novo ministro gosta de ressaltar aos mais próximos que é “lulista e dilmista, um híbrido”. “Sou amigo dos dois”, diz ele, nessas conversas.
O novo ministro também não se cansa de lembrar que sempre teve uma boa relação com Dilma quando ambos foram ministros no primeiro mandato de Lula e davam expediente dentro do Palácio do Planalto.
Entre julho de 2005 e março de 2006, Wagner foi ministro das Relações Institucionais. No mesmo período, Dilma ocupou chefia da Casa Civil. “Ele já foi coordenador político do governo. Tem uma experiência muito grande como interlocutor”, disse o ministro Aldo Rebelo, que vai ocupar o lugar de Wagner na pasta da Defesa.
Segundo ele, o estigma de lulista “não tem significado prático”. “Ninguém vai deixar de conversar com ele por isso”, complementou Aldo.
A entrada de Wagner na Casa Civil sempre foi defendida por Lula e, especialmente, por parlamentares ligados à corrente interna majoritária Construindo um Novo Brasil – grupo que atuou para Lula ser candidato em 2014. Entre eles, está o deputado José Mentor (PT-SP), que marcou presença ontem na posse de Wagner e comemorou sua nomeação para a Casa Civil.
“Agora as coisas melhoram”, disse Mentor. “Ele tem características políticas e pessoas que ajudam muito. É muito habilidoso, ouve muito mais as pessoas e é próximo de todo mundo”, concluiu o parlamentar.
Wagner também é uma nova esperança para os governadores. Ele estava à frente do governo da Bahia até o ano passado e conhece os problemas do Nordeste. “A nomeação dele é uma mudança importante para ampliar o diálogo”, disse o governador do Ceará, Camilo Santana (PT).
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