Na CPI, Catta Preta tem chance de esclarecer rumores de ameaça, diz Hugo Motta
Mesmo após pressão da OAB, a CPI da Petrobras não voltou atrás na convocação de Beatriz Catta Pretta. A advogada defendia políticos investigados no esquema de desvio de recursos da estatal e é suspeita de receber dinheiro ilegal como pagamento. A Comissão é acusada de autoritarismo pela decisão, mas o presidente do grupo, Hugo Motta (PMDB-PB), garante que é uma oportunidade para colocar fim aos rumores. “Ela tem as plenas condições em um microfone aberto de dizer se está sofrendo algum tipo de pressão”, afirma.
Nesta quarta-feira (29), em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã da Jovem Pan, o deputado reforça que as leis internacionais de lavagem de dinheiro impedem a utilização dos recursos advindos de corrupção. “Dinheiro obtido de forma ilícita é ilícito para tudo, então não pode servir para pagar advogado”, e completa, “o Brasil tem que começar a seguir esse modelo porque não podemos permitir que dinheiro desviado da Petrobras sirva para custear advogados com preços altíssimos”.
Apesar disso, Motta adverte: “[a CPI] não [é] para constrangê-la em nenhum momento, mas para que ela possa demonstrar de onde estão vindo seus honorários”.
Pressão contra desafetos
A revista Época trouxe matéria acusando a Kroll, empresa de investigação contatada pela CPI, de servir como instrumento de pressão contra desafetos do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Um dos exemplos seria o presidente do grupo Schahin, Milton Schahin. Isso Motta classifica como “rumores políticos”.
O peemedebista refuta a denúncia e garante que o rompimento de Cunha com o governo e as apurações da Lava Jato têm causado um “clima ruim” e por isso “uma confusão muito grande”. “Eu jamais vou permitir que a CPI seja arma de retaliação de quem quer que seja. O que a Kroll tem investigado são essas pessoas que são molas propulsoras importantes no âmbito desse escândalo e que sem dúvida nenhuma precisam ser investigadas”, responde.
Acareações
Hugo Motta também conta que se reunirá com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, para apelar que o habeas corpus de Pero Barusco seja revisto. O ex-gerente de Serviços da Petrobras conseguiu a dispensa da acareação com o ex-diretor da estatal, Renato Duque, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, quando alegou a impossibilidade de comparecer por causa do agravamento do câncer.
No entanto, a Revista Veja publicou uma foto de Barusco na praia e, somado a isso, a CPI teve acesso a um vídeo que mostra o ex-gerente depondo e aparentemente saudável. “Com as suas condições de saúde, se ele está na praia fumando charuto e tomando cerveja, daria para participar de uma acareação que é tão importante para a CPI”, contesta.
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