“Nada como um dia após o outro”, diz historiador Villa após ser citado por Collor

  • Por Jovem Pan
  • 12/05/2016 00h02
Montagem/Agência Senado e Jovem Pan Fernando Collor de Mello

O historiador e comentarista da Jovem Pan, Marco Antonio Villa, disse ter recebido com surpresa a citação feita pelo senador Fernando Collor de Mello durante seu discurso na tribuna do Senado na noite desta quarta-feira (11).

No livro “Collor Presidente: Trinta Meses de Turbulências, Reformas, Intrigas e Corrupção”, Villa destaca o impeachment do ex-presidente e diz que ele “respeitou as solicitações dos parlamentares. Encaminhou através do Banco Central e da Receita Federal toda a documentação solicitada. Cumpriu as determinações legais. Não coagiu ao STF e respeitou a Constituição. Isso tudo em meio ao maior bombardeio midiático em nossa história e tendo que conviver com uma acelerada tramitação da denúncia e do processo que criou obstáculos a plena defesa”.

Collor citou o trecho completo para finalizar seu discurso e posicionar-se de modo favorável ao impeachment de Dilma. O senador destacou a “lucidez do texto que reflete o que vivemos”.

“Nada como um dia após o outro”, afirmou o comentarista da Jovem Pan ao escutar a citação feita pelo senador do PTC. No discurso, Collor disse ainda que um Governo legitimamente eleito pode perder legitimidade popular ao longo do exercicio do poder.

Ele criticou o processo de impedimento e relembrou que o seu próprio foi mais rigoroso e célere. Em concordância, Villa disse que relamente o processo em 1992 foi mais célere e mais rigoroso.

“Mais célere com certeza foi. O processo em 48h o Senado recebeu, o que demora agora desde o dia 17 de abril até hoje. Com relação ao rigor, para ser sincero, tambem é verdade. Eu mostro isso com documentação que li e algumas coisas que não tinham sido mostradas. A veiculação dele com o esquema PC Farias era tênue, legalmente falando”, concordou Villa.

“Em relação ao crime de responsabilidade, sinceramente falando, é verdade. É um relatório sucinto e pouco sólido, mas havia onda pró-impeachment”, completou.

Confira o trecho do livro citado pelo senador Fernando Collor de Mello abaixo:

“Fatos posteriores já no século 21. Amplificar o significado da ação ou inanição de Fernando Collor no auge da CPI e da denúncia da Câmara dos Deputados por crime de responsabilidade. Ele respeitou as solicitações dos parlamentares. Encaminhou através do Banco Central e da Receita Federal toda a documentação solicitada. Cumpriu as determinações legais. Não coagiu ao STF e respeitou a Constituição. Isso tudo em meio ao maior bombardeio midiático em nossa história e tendo que conviver com uma acelerada tramitação da denúncia e do processo que criou obstáculos a plena defesa. Aceitou o afastamento e se preparou para a defesa no Senado. Perdeu. Buscou reparações na Justiça, defendeu-se em vários processos e acabou absolvido em todos eles. Os que envolviam atos quando do exercício da Presidência da República. A renúncia de Fernando Collor, o impeachment nunca ocorreu, deu a ilusão de que as instituições forjadas pela Constituição de 88 tinham passado no teste. Ledo engano. Acontecimentos posteriores e mais graves demonstraram que a consolidação do Estado democrático de Direito é um longo processo, tarefa de várias gerações. A crise de 92 não passou de um momento de ampla e complexa rearticulação das elites política e econômica no interior do Estado posicionando-se para embates que acabaram sendo travados ainda na última década do século 20 e no início do século 21, por aqueles que tinham quadros, mais do que programas para gerir a coisa pública”.

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