“Não adianta falar em baixar R$ 0,46 e cobrar dos postos”, diz Sincopetro
Em entrevista à Jovem Pan nesta terça (29), o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia, informou a situação dos postos na capital paulista e criticou o anúncio do governo federal de abaixar em R$ 0,46 o preço do diesel, em resposta à greve dos caminhoneiros.
Gouveia informou que, em São Paulo, “alguns postos foram abastecidos e isso vai aliviando um pouco o mercado, mas muitos postos continuam sem produto”. Ele agradeceu o apoio da Polícia Militar, que “está dando um suporte muito bom”, com escolta de combustíveis e organização de filas de abastecimento.
“O grande problema é encontrar caminhões para carregar, porque eles estão participando da greve e, se não colaborarem, vai ficar difícil atender o consumidor”, disse Gouveia.
O presidente do Sincopetro informou que o fluxo normal gira entre mil a 1.500 abastecimentos por dia. Na segunda (28), apenas de 60 a 70 caminhões levaram combustível aos postos, cerca de 4%.
Gouveia também explicou que não considera a ameaça de greve dos petroleiros como uma ameaça imediata. “Se a gente conseguir retirar o que tem de estoque nas distribuidoras, o mercado vai acalmar”, disse.
46 centavos
O presidente do Sincopetro afirmou que não é possível estabelecer um valor nominal para o preço dos combustíveis nos postos. Ele criticou o anúncio do governo de Michel Temer de que o diesel abaixaria R$ 0,46. Um dos pedidos dos caminhoneiros que seguem em manifestações pelas rodovias é de que o valor chegue às bombas.
Gouveia destacou, no entanto, que “o mercado é livre” e cobrou a fiscalização das autoridades em relação aos preços praticados pela Petrobras e as distribuidoras.
“Cada posto vai abaixar dentro do que ele vendia. Não vai ter um preço tabelado”, explicou. “Não adianta o governo falar que vai abaixar R$ 0,46 e cobrar da ponta, dos postos, não é assim que funciona”, afirmou.
O representante dos postos informou que o preço médio do diesel na sexta-feira anterior à greve era de R$ 3,85
Gouveia relatou ainda que “os caminhoneiros estão reclamando que houve uma alta (no preço) antes da baixa”.
O representante da Sincopetro disse que o governo deve observar: “a distribuidora recebeu a baixa? repassou ao posto?”
“São mercados livres, mercados totalmente liberados”, disse Gouveia.
O governador de São Paulo Márcio França também disse mais cedo que o valor do desconto oferecido pelo governo se refere aos pontos de distribuição e que o valor nas bombas “não dá para saber“.
“Para chegar aos R$ 2,80, vai precisar de muito mais desconto que os 46 centavos”, disse Gouveia.
“Eu escuto muito galar que vão cobrar do posto, mas não ouço falar que vão cobrar da distribuidora ou da Petrobras”, reiterou o presidente do Sincopetro.
“O governo não pode fazer (cobrar apenas dos postos), e nós já estamos acostumados com isso, é que a gente vire ‘boi de piranha'”, ilustrou. “Somos sempre a parte ruim de mercado”, desabafou Gouveia. “Existe um trabalho mal feito que vai sobrar mais uma vez para o dono do posto”, lamentou.
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