‘Não é o governo que vai mudar a nação, é a igreja evangélica’, prega futura ministra em culto

  • Por Jovem Pan
  • 07/12/2018 16h02
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Futura ministra acredita que "ninguém nasce gay" e que aborto não é questão de saúde pública

Indicada ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, a pastora Damares Alves é conhecida no meio evangélico por ser contrária à chamada “ideologia de gênero”, ao aborto e ao feminismo. Advogada, ela também já disse que é a igreja evangélica, e não a política, que vai “mudar a nação”. A confirmação para a pasta foi divulgada na quinta-feira (6).

“As feministas promovem uma guerra entre homens e mulheres. Me preocupo com a ausência da mulher de casa. Hoje, a mulher tem estado muito fora de casa”, afirmou a um veículo identificado como Expresso Nacional. Esse tipo de afirmação costuma ser comum também em palestras disponíveis na internet.

“Costumo brincar: como eu gostaria de ficar em casa, toda tarde, numa rede, me balançando, e meu marido ralando muito para me sustentar e me encher de joias. Esse seria o padrão ideal da sociedade. Mas, infelizmente, não é possível, temos de ir para o mercado de trabalho”, disse. Ela também chama de “morte” a ideologia de gênero.

Desconhecida pelos movimentos em prol dos direitos humanos, ela ocupa desde 2015 o cargo de “auxiliar parlamentar júnior” no gabinete do senador não reeleito Magno Malta (PR-ES), que preterido por Jair Bolsonaro para o comando dessa mesma pasta. Atualmente, a remuneração declarada da pastora no Senado é de R$ 5.488,95.

Contra o aborto

Damares Alves é pastora voluntária na Igreja Batista de Lagoinha, em Belo Horizonte (MG). Essa comunidade evangélica reúne cerca de 30 mil pessoas. Sozinha, ela reúne 6 mil em cultos que ministra na cidade. A futura ministra é contra o aborto e defende o projeto “Escola sem partido“, que está em discussões na Câmara dos Deputados.

“Damares tem forte atuação na área da proteção à criança e adolescente. Em seus cultos, afirma ter sido violentada aos seis anos de idade por um integrante da igreja que frequentava. Isso a impediu de ter filhos”, afirma o pastor Washington Sá. Ela já chegou a dizer que o aborto não é questão de saúde pública e que “ninguém nasce gay”.

‘A igreja evangélica vai mudar a nação’

Em pregação feita em 2013 na Igreja Primeira Batista, de Campo Grande (MS), a nova ministra disse que a política não vai mudar o País. “Deus nos disse que não são deputados que vão mudar essa nação, não é o governo que vai mudar essa nação, não é a política que vai mudar essa nação. É a igreja evangélica que vai mudar a nação.”

Índios

O ministério criado pelo futuro governo vai abarcar a Fundação Nacional do Índio (Funai), transferida da pasta da Justiça para não “sobrecarregar” Sérgio Moro. A questão do infanticídio indígena é um dos temas abordados por Damares Alves em suas palestras. Na quinta, ela disse que sua “história de luta” a capacita para cuidar do órgão.

A futura auxiliar de Bolsonaro apoia a atuação de missionários que trabalham em aldeias tentando acolher crianças banidas de tribos indígenas por terem nascido com algum tipo de deficiência”, segundo Washington Sá.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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